Como o jogador Diego Maradona foi brilhante em seu auge, mas como técnico da seleção….Falta pouco para o início da Copa do Mundo. E o estado de ânimo dos argentinos fanáticos pelo futebol (neste caso, a maioria do país) encontra-se numa grande contradição. De um lado, o ceticismo gerado pela atuação débil da seleção argentina nas eliminatórias e pela classificação muito apertada e sofrida na última partida.

De outro, a esperança numa equipe formada por alguns dos melhores jogadores de futebol do mundo, na expectativa de que esta atinja seu objetivo e ganhe uma nova Copa após 24 anos.

No meio destes sentimentos contraditórios se encontra o atual técnico da seleção, Diego Maradona. Nós argentinos amamos Diego como jogador, porque seu nome está relacionado com nossos melhores momentos no futebol: a Copa de 1986 e os dois gols contra os ingleses, um deles fazendo uma malandragem com a mão e outro fazendo uma malandragem com o pé, deixando uns seis jogadores ingleses no chão. Diego passou a ser considerado um deus. Hoje, tem até uma igreja em homenagem ao craque que leva o nome de Maradoniana!

Quando fazemos referência ao técnico Maradona, a opinião muda muito: a grande maioria, inclusive eu, acha que ele não vai render no posto. As minhas razões são profundas. Como jogador, Maradona teve uma carreira brilhante e cheia de êxitos, baseada em dois pilares: sua indiscutível qualidade e sua força (sua vontade de ganhar, nascida de sua origem muito humilde num dos bairros mais pobres da Grande Buenos Aires). Isso foi suficiente para torná-lo o melhor jogador da Argentina e um dos melhores do mundo.

Mas ele nunca deu muita importância às questões técnicas ou táticas que fazem o funcionamento de uma equipe. Não eram necessárias para ele. Mas agora, como técnico, essas virtudes se transformam em defeitos. Suas orientações são mais morais do que técnicas, como ele disse a Messi: “você tem que levar seu time nos ombros”. Ou ao dizer a Palermo que “decida a partida” contra o Peru pelas eliminatórias. O resultado é que não se pode saber o que joga a seleção. Sem dúvidas, os jogadores rendem menos com ele do que nas suas equipes europeias.

O recente triunfo do amistoso contra a Alemanha mostrou, claramente, uma equipe melhor localizada frente a um rival sempre duro. Em minha opinião, o segredo foi colocar um jogador que atuou como elo entre a experiência e a condução do jogo de Verón (já um veterano) e a criatividade de Messi. Contra Alemanha, foi Di María. Se Messi não for bem, Di María pode ser a alternativa de criação do jogo (assim aconteceu nessa partida). Se Messi finalmente explode e joga como no Barcelona, não será fácil para as defesas adversárias marcar essa dupla ameaça. Será que Maradona chegou a essa conclusão?

Assim estamos. Entre o ceticismo que nos prepara para um novo fracasso e que nos permitirá dizer, com certa displicência, algo que esconde uma frustração: “eu já falei”, e a esperança de uma nova Copa. Essas duas contradições os argentinos conhecem bem. E não apenas no futebol.

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