Segundo levantamento, 38% da renda familiar dos aracajuanos está comprometidaA pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado de Sergipe (Fecomércio), intitulada “Perfil de Endivadamento do Consumidor de Aracaju”, revelou que a taxa de comprometimento da renda familiar na capital sergipana alcançou 38,1%, a maior entre as capitais brasileiras.

Especialistas dizem que o limite de segurança para evitar um ciclo vicioso de dívidas é de 25% da renda. Como podemos observar, a situação dos aracaujos está bem acima desse percentual. O comprometimento da renda familiar dos sergipanos vem aumentando nos últimos meses. De acordo com a pesquisa, em maio a taxa era de 35,6%, passando para 36,3% em julho e 38,1% em agosto, a maior taxa entre todas as capitais brasileiras. Até o mês passado, Natal era a capital onde as famílias destinavam a maior parcela da renda mensal ao pagamento de dívidas, com 39% do orçamento.

O endividamento dos trabahadores sergipanos é parte de um crescente endividamento que sofre o povo brasileiro. Estudo realizado pela LCA Consultores aponta que a dívida total das famílias no cartão de crédito, cheque especial, finaciamento bancário, crédito consignado, crédito para compra de veículos e imóveis, corresponde a 40% da massa anual de rendimentos do trabalho e benefícios pagos pela Previdência Social. Isso significa que para cada R$100 em salário, o brasileiro deve R$40.

Endividamento
O número de familias endividadas em Aracaju diminui, mas o índice permanece elevado. Em maio, 76% das famílias aracajuanas estavam endividados. Esse percentual caiu para 53% em junho, subiu para 75,1% em julho e agora está em 54,2%.

Curitiba possui o maior porcentual de famílias endividadas entre todas as capitais brasileiras. Na cidade, 88% do total das famílias têm dívidas. O valor da dívida média mensal é de R$ 1.608 – correspondente a um comprometimento de 27% da renda das famílias. Porto Alegre é a capital em que foi constatado o maior valor de endividamento médio mensal, com R$ 2.145, o que corresponde ao comprometimento de 30% da renda.

Em dezembro de 2009, a dívida das famílias estava em R$485 bilhões. No final de 2010, o endividamento dos brasileiros chegou a R$555 bilhões e, em abril deste ano atingiu R$653 bilhões.

Inadimplência
A taxa de inadimplentes também cresceu nos últimos meses em Aracaju. Em junho, 1,1% das familias encontravam-se inadimplentes. Em julho, esse percentual subiu para 3,8%.

No Brasil, segundo o Serasa, a indimplência fechou o semestre com o maior crescimento desde 2002, com alta de 22,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, representando o maior aumento em nove anos.

Ainda de acordo com o Serasa, os cheques devolvidos fecharam o primeiro semestre com o maior percentual em dois anos. Foram devolvidos por insuficiência de fundos (2ª devolução) 1,93% de cheques em todo o país. No raking, Sergipe aparece em 1º lugar com 6,64%, atrás apenas do Acre (7,66%), Maranhão (9,16%) e Roraima (11,87%).

Redução dos rendimentos
Todo esse problema está relacionado à redução nos rendimentos familiares, ocasionado pela inflação e as altas taxas de juros. A tendência é a expansão do endividamento, devido o arrochamento dos salários. Como podemos ver, o “milagre da nova classe média” tem pernas curtas. A tão propagandeada “ascensão social” é falácia do Pinóquio. O que houve foi o aumento do consumo com base na forte expansão do crédito. Agora, com os juros nas alturas e o salário arrochados os trabalhadores não conseguem pagar suas dívidas.

Aracaju, longe de ser a capital da qualidade de vida, como insiste em dizer o prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB), na verdade é capital dos endividados.