Fortalecer a Conlute e construir um novo movimento estudantilNo calor da luta contra o Reuni, nas ocupações de reitoria, nas marchas e manifestações, há algo que chama a atenção: onde está a União Nacional dos Estudantes? A entidade, que ao longo da história foi sinônimo de luta em defesa da educação, não deu as caras em nenhuma manifestação contra o Reuni. Pior que isso: enquanto os estudantes lutavam contra os ataques de Lula, a UNE fazia de tudo para derrotar os estudantes.

A UNE não apenas não deu seu apoio às ocupações de reitoria contra o Reuni, como combateu os estudantes que lutavam contra o projeto. Sua presidente, Lúcia Stumpf, foi à imprensa, no auge das ocupações, declarar apoio ao Reuni e ao governo, atacando as ocupações de reitoria. Na UFRJ, diretores da UNE chegaram ao cúmulo da montar um cordão de isolamento, para garantir que os mais de 600 estudantes que protestavam contra o Reuni no Conselho Universitário não conseguissem inviabilizá-lo. Na ocasião, os diretores da UNE agrediram fisicamente vários estudantes.

O mais inacreditável é que toda essa “combatividade” da UNE, está a serviço da defesa do maior ataque ao ensino superior na história do país: a reforma universitária de Lula. Essa reforma, que vem sendo aprovada em fatias através de decretos e medidas provisórias, conta com o apoio entusiástico da UNE.

A partir da eleição de Lula, a UNE perdeu sua autonomia. Sem democracia interna, a entidade é aparelhada pelos partidos do governo. Assim, defende religiosamente cada ataque desferido por Lula à educação. A ausência de democracia nos fóruns da UNE torna impossível que essa entidade possa ser reconquistada para a luta. A UNE morreu para a luta dos estudantes. Está colocada para esta geração de lutadores a necessidade de construir uma nova alternativa, que organize o novo movimento estudantil, que está surgindo nas lutas.

Fortalecer a Conlute e construir um novo movimento estudantil
Foi diante da falência da UNE e no calor das lutas que surgiu a Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute). Longe de se considerar uma alternativa pronta e acabada, a Conlute surge como um instrumento para impulsionar e unificar as lutas em permanente construção. No último período, a Conlute vem crescendo e se fortalecendo, protagonizando uma série de manifestações e vencendo eleições em vários DCEs. A Conlute esteve em peso na Marcha a Brasília e nas ocupações de reitoria e vem mostrando que só através da luta poderemos derrotar os ataques do governo.

Para fortalecer a luta, a Conlute impulsionou junto com outros setores do movimento estudantil a Frente de Luta Contra a Reforma Universitária. Agora é hora de dar um passo a frente. Os lutadores do movimento estudantil devem se lançar a construir uma nova entidade estudantil, democrática, independente e de luta. Uma entidade que possa organizar as lutas, que possa ser um fórum privilegiado para o debate de nossas idéias, que possa ser, enfim, o instrumento a serviço de um novo movimento estudantil.

Inundar as ruas com nossos protestos, gritos e cores, enterrar de vez o cadáver insepulto da UNE e arrancar alegria ao futuro. Essas são as tarefas da juventude de nosso tempo.

Post author Emiliano Soto, da Secretaria Nacional de Juventude do PSTU
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