Declaração da Juventude do PSTU sobre a instalação da Comissão da VerdadeNeste dia 16 de maio, foi instalada a Comissão da Verdade para resgatar a história dos abusos cometidos pelo Estado brasileiro entre 1946 e 1988, especialmente durante os governos militares pós-1964. A comissão é uma conquista, considerando que o Brasil está muito atrás em relação a países como Uruguai e Argentina na investigação e principalmente na punição aos torturadores do regime militar.

Mal começaram seus trabalhos, que deverão durar dois anos, a grande imprensa, militares e políticos como Nelson Jobim fizeram questão de deixar muito claro: não há lugar para “revanchismo” ou, em outras palavras, para responsabilizar os criminosos do regime. Ironicamente, a defesa de que a apuração não deve resultar na punição dos criminosos é compartilhada inclusive pelo governo de Dilma Rousseff. Esse é justamente o principal limite da Comissão.

Na Argentina, o ditador Jorge Videla está preso. No Uruguai, o ditador Juan María Bordaberry morreu em prisão domiciliar. Essas punições não se efetivaram sem uma luta permanente de setores populares e dos trabalhadores. No Brasil, está claro que não será diferente: somente com a mobilização dos trabalhadores, dos movimentos populares e da juventude haverá uma investigação independente e, ainda mais, se alcançará a punição dos criminosos da Ditadura Militar, rompendo os limites da Lei da Anistia (1979).

A importância disso deve ser medida pelo fato de que, mesmo depois da ditadura militar, a burguesia e seus governos continuam tratando a pobreza e que os que lutam como criminosos, como mostram a repressão aos grevistas de Belo Monte, os milhares de desalojados do Pinheirinho por ação do PSDB, as centenas de famílias expulsas de suas casas pelas obras da Copa do Mundo elitista preparada pelo governo do PT. Ou ainda a perseguição aos estudantes da USP e a prisão do rapper Emicida simplesmente por cantar as mazelas do povo pobre das periferias brasileiras.

Punir os criminosos da ditadura significa dar um recado às classes dominantes de nosso país: não nos esqueceremos!