Em outubro de 2012 teremos mais uma eleição no país. Serão eleições municipais, para prefeitos e vereadores e veremos novamente a tentativa de repetição da falsa disputa entre os que apoiam o governo Dilma (PT, PMDB, PCdoB, PSB, PDT, entre outros) e os da chamada oposição de direita (PSDB, DEM e PPS).

Na maioria das cidades eles vão apresentar as mesmas propostas mentirosas, prometendo “governar para todos”, mas, quando chegam ao poder, sempre governam segundo os interesses dos grandes empresários, atacando os direitos dos trabalhadores e da maioria do povo.

Como se diz no bom português, mesmo que sejam todos “farinha do mesmo saco”, vão buscar aparecer como diferentes entre si para tentar mais uma vez enganar a classe trabalhadora e disputar o comando das mais de cinco mil prefeituras.
Em outras centenas de cidades, como Belo Horizonte, por exemplo, a semelhança ficará ainda mais evidente para os trabalhadores, pois, mais uma vez, o PT e o PSDB devem estar na mesma aliança política, patrocinando a tentativa de reeleição do atual prefeito Márcio Lacerda (PSB).

O Brasil ainda vive um relativo crescimento econômico, ao contrário do que ocorre na Europa e nos EUA. Mas este crescimento é marcado cada vez mais pela desigualdade social.

Para as grandes empresas segue a política de investimentos públicos e isenções fiscais, como ficou evidente no anúncio na semana passada de mais um pacote de renúncia fiscal do governo a favor dos grandes empresários, que levará a que o Estado deixe de arrecadar cerca de R$ 7 bilhões, em 2012.

Enquanto isso, os trabalhadores sofrem com o arrocho salarial, o crescimento inflacionário, aumento alucinante do ritmo do trabalho, da exploração e das doenças profissionais, além das privatizações de Dilma, como a dos Correios e de aeroportos.

Mas, este país, marcado pela desigualdade social e pela exploração, não será mostrado nas eleições. Ao contrário, o financiamento bilionário das grandes empresas a seus candidatos e o papel dos grandes meios de comunicação transformarão mais uma vez as eleições em “jogo de cartas marcadas”, onde somente partidos e candidatos que apoiam o atual modelo econômico terão espaço na grande imprensa e apenas alguns estarão nos debates.

Qual papel deve cumprir a esquerda socialista nas eleições?
Ao contrário de uma greve ou de uma mobilização, as eleições são um terreno minado, dominado por regras impostas pela burguesia, seu Estado e seus governos.

Diante desta difícil situação, sempre ficam as perguntas: qual o papel da esquerda socialista nas eleições? Apoiar os partidos ditos de esquerda que governam para a burguesia, como PT e PCdoB? Ampliar nossas alianças eleitorais para partidos burgueses ou governistas? Boicotar as eleições?

Para alguns, o boicote às eleições, ou o voto nulo, pode até aparecer uma posição radical e de esquerda, mas, no atual contexto, representam uma facilitação do “trabalho sujo” dos grandes partidos, tanto do governo como da oposição de direita, que buscam enganar a nossa classe.

Estamos em um momento no qual a esmagadora maioria dos trabalhadores ainda acredita que é necessário participar das eleições e, de nossa parte, temos o direito de apresentar nossos candidatos. O abstencionismo político só teria uma única conseqüência prática: deixar os trabalhadores sem uma alternativa classista e socialista nas eleições.

Nosso partido quer trazer para o debate eleitoral a importância e o exemplo das revoluções no Norte da África e Oriente Médio e das poderosas greves e mobilizações dos trabalhadores na Europa contra os planos de ajuste. Trazendo para o debate as mobilizações em várias partes do planeta, queremos discutir com os trabalhadores brasileiros, que protagonizaram centenas de greves em 2011, que só existe um caminho possível para derrotar os ataques dos patrões e dos governos e arrancar as nossas reivindicações: retomar as mobilizações e greves.

Com este entendimento sobre as tarefas da esquerda socialista nas eleições é que o PSTU vem propondo aos ativistas que estiveram nas greves operárias e do conjunto dos trabalhadores do último ano, para a juventude que não se cansou de lutar em defesa da educação e contra o aumento das passagens, para as entidades e movimentos que estão construindo a CSP-Conlutas e a ANEL, e a partidos como o PSOL e o PCB, que apresentemos conjuntamente uma alternativa dos trabalhadores e socialista nas próximas eleições.

Uma verdadeira Frente de Esquerda e Socialista
Somente uma alternativa totalmente independente dos governos e da burguesia pode disputar a consciência dos trabalhadores, no momento das eleições. Só assim será possível defender a sua independência política diante dos patrões, a retomada das mobilizações dos trabalhadores e da juventude e disputar o voto da nossa classe para as nossas candidaturas.

Uma alternativa que seja globalmente oposta tanto às candidaturas da base do governo como às da oposição de direita. Portanto, para que esta alternativa seja de fato uma frente de esquerda e socialista é preciso que ela não tenha nenhuma aliança com os partidos burgueses ou governistas e que apresente um programa anti-capitalista e socialista, que busque responder às necessidades dos trabalhadores, da maioria do povo e dos setores oprimidos, buscando sempre uma ponte com seu nível de consciência.

Uma frente eleitoral que seja de fato oposição de esquerda aos governos federal, estaduais e às atuais prefeituras e que não aceite nenhum financiamento das empresas e empresários. Que seja construída respeitando o peso social dos partidos que nela participem e busque envolver os ativistas que estão a favor da sua construção.
Post author André Freire, da Direção Nacional do PSTU
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