Em assembléia ao meio-dia desta quinta-feira, 17 de abril, os estudantes da Universidade de Brasília comemoraram e decidiram desocupar a reitoria, entendendo que esta alcançou grandes resultados. Eles estavam acampados no local desde o dia 3 de abril.

O movimento iniciou por conta dos escândalos de corrupção envolvendo o reitor Timothy Mulholland, que mobiliou seu apartamento em Brasília e comprou carro de luxo com dinheiro de uma fundação privada, que era destinado à pesquisa. A pauta dos estudantes, que iniciava pela exigência da renúncia do reitor e do vice, incluía vários outros pontos, pois eles entendiam que as causas da corrupção na instituição não eram localizadas em Mulholland e sim fruto do processo de privatização.

A decisão dos cerca de 300 estudantes que participaram da assembléia veio depois de conquistada a ampla maioria das reivindicações. O reitor e o vice já haviam renunciado no último fim-de-semana. Mesmo assim, a ocupação permanecia, pois várias reivindicações ainda não estavam garantidas.

O novo reitor, Ricardo Aguiar, indicado pelo Conselho Superior da Universidade (Consuni) na terça-feira, 15, comprometeu-se em atender às principais reivindicações dos estudantes. Entre elas, a realização de eleições diretas e paritárias – em que o voto de estudantes, servidores e professores tenham o mesmo peso – para a reitoria, a não-punição a nenhum estudante, a retirada do processo contra o Diretório Central de Estudantes (DCE) que previa multa de R$ 5 mil por dia de ocupação e a não-implementação do Reuni sem que haja um amplo debate com a comunidade acadêmica.

Ocupação termina, mas movimento segue forte
A desocupação da reitoria marca uma importante vitória do movimento estudantil da UnB que deve servir de exemplo para estudantes de todo o país. Só a mobilização, a unidade e a organização independente do movimento podem levar a vitórias como a que ocorreu em Brasília.

No entanto, os estudantes da UnB ainda não conseguiram tudo que precisam para manter a universidade pública e de qualidade. No próximo período, devem seguir mobilizados para que o reitor realmente cumpra os pontos com os quais se comprometeu.

Além disso, na assembléia de terça-feira, os estudantes aprovaram abrir uma ampla discussão sobre o Reuni e os prejuízos que este programa traz para a universidade. Na seqüência, também foi aprovado um plebiscito em que os alunos possam dizer se querem ou não a aplicação do projeto.