Acordo rebaixado firmado pela Contraf/CUT garante aumento real de apenas 1,5%, apesar dos lucros bilionários dos bancosApós 15 dias de uma forte greve nacional, iniciada em 24 de setembro, a direção da Contraf/CUT orientou aos sindicatos que aceitassem a proposta de reajuste oferecida pelos banqueiros na mesa de negociação do dia 8 de outubro. A proposta rebaixada garante reajuste de apenas 6%, o que não contempla nem de longe os 23,35% de perdas acumuladas para os bancários do setor privado nos últimos anos, muito menos a defasagem no setor público.

Mesmo diante de uma fortíssima greve que enfrentava o setor que mais lucrou no período de crise (só no primeiro semestre, os maiores bancos do país lucraram mais de R$ 14 bilhões), a CUT preferiu seguir á risca a orientação de Lula. Isso significava desmontar a greve para que o movimento dos trabalhadores não se chocasse com os planos eleitorais do governo e os interesses da patronal.

CUT e gerentes acabam a greve no BB
No mesmo dia do acordo, o Banco do Brasil apresentou uma proposta que ratificava os 6% da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), acrescentando mais 3% sobre o Plano de Cargos e Salários, provando que é possível quebrar a mesa única e garantir uma greve unificada com negociações específicas, enfrentando diretamente o governo e a direção das estatais.

Ainda assim, a proposta do Banco do Brasil ainda era extremamente rebaixada e, por esse motivo, o Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB/Conlutas) se colocou radicalmente contrário à proposta, pois a greve tinha muita força e era possível arrancar muito mais.

As direções ligadas à CUT, no entanto, orientaram a aceitação do acordo tanto no setor privado quanto no Banco do Brasil. Foi, assim, desmontando a greve nacional, não porque os trabalhadores estavam satisfeitos com a proposta, mas fazendo terrorismo com os trabalhadores, alardeando a proposta como uma “vitória” e atuando em unidade com os gestores do banco, que lotaram as assembléias em todo o país para acabar com o movimento.

Mesmo diante de mais uma traição da CUT, nas assembleias do dia 8 os bancários de Brasília, Belo Horizonte, Rio Grande do Sul, Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Paraíba, além dos sindicatos ligados ao MNOB/Conlutas (Rio Grande do Norte, Maranhão e Bauru) decidiram continuar em greve.

Em Brasília e Belo Horizonte (onde ambos os sindicatos são ligados à CUT), os sindicatos sequer conseguiam intervir, tamanhas eram as vaias e manifestações de repúdio que os trabalhadores lançavam contra o peleguismo de suas direções. Entretanto, no dia seguinte, a CUT conseguiu o seu objetivo e foi enterrando o movimento nas bases que ainda resistiam, até acabar com a greve nacional.

Caixa e BNB seguem na luta
Mesmo diante de mais uma ação bem sucedida da CUT, os trabalhadores ainda não estão derrotados. Os bancários da Caixa e do BNB ainda constroem uma greve de peso, que não apresenta sinais de refluxo.

A Caixa ainda não apresentou nenhuma proposta específica, apenas ratificou a proposta da Fenaban. Já o BNB, apresentou uma proposta muito rebaixada e que ainda precisaria de confirmação do DEST, para autorizar o acordo. Como resposta, os bancários da Caixa em todo Brasil seguem a greve em todos os estados e no BNB, os trabalhadores demonstram que não estão dispostos a acabar o movimento em troca de um “cheque em branco” do Banco do Nordeste.

A tática da CUT já utilizada em anos anteriores, de isolar a greve da Caixa e do BNB, tem um objetivo claro: enfraquecer o movimento para facilitar o desmonte da greve com uma proposta rebaixada. Mas é justamente nesse setor que o movimento está mais radicalizado e forte. A proposta do MNOB/Conlutas é fazer uma caravana a Brasília, com representações das bases sindicais, para que a partir deste dia 12, possamos forçar o governo a negociar.

Além de reajuste, os bancários lutam por isonomia, contratação de mais empregados, melhorias no plano de cargos e salários, plano de funções, etc.
Este é o momento de intensificar e radicalizar a greve, pressionando Lula, a direção dos bancos públicos e as direções sindicais governistas. Afinal, somente a unidade dos trabalhadores em luta pode derrotar essa aliança maligna.

Post author JUARY CHAGAS, de Natal (RN)
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