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Redação

Desmantelamento do órgão cria fila para milhões de trabalhadores, aposentados  e pensionistas

A política do governo Bolsonaro de desmonte dos serviços públicos está fazendo com que milhões de pessoas, em geral a população mais pobre, mofem nas filas do INSS na espera de benefícios a que tem direito. Estima-se que 2 milhões de pessoas estejam com seus pedidos parados nas mesas do órgão.

Desde pedidos de aposentadorias, passando pelo BPC (Benefício de Prestação Continuada), até licença saúde e maternidade estão com atrasos para além do prazo legal de 45 dias. Nesta segunda-feira, 13, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, se reuniram para definir alguma solução à crise, mas só enrolaram. “Tudo envolve orçamento, estrutura organizacional, então, a gente precisa ter essa responsabilidade de conversar internamente e buscar o respaldo técnico e jurídico”, declarou Rogério Marinho à imprensa.

A verdade é que esse é o reflexo direto do desmonte dos órgãos públicos pelo governo. Uma das políticas de Bolsonaro e Paulo Guedes é justamente a redução do número de servidores. Em 2019, ao falar sobre a reforma administrativa, Guedes disse que o governo não iria repor os servidores públicos que estavam se aposentando, e que iria investir na digitalização dos serviços. Deu como exemplo o próprio INSS. “Vamos redesenhar a estrutura do governo central, que está hipertrofiado, com excesso de funcionários“, afirmou.

Pois bem, no ano passado seis mil funcionários do órgão se aposentaram, não foram repostos, e agora o aposentado nem consegue ir ao posto do instituto provar que está vivo para continuar recebendo sua aposentadoria, nem o trabalhador consegue licença saúde. Desde 2015, o INSS perdeu 11 mil funcionários.

A solução apontada pelo governo para dirimir a crise é uma gambiarra que mostra sua intenção em não resolver problema nenhum. Entre as medidas estariam a transferência de servidores e militares da reserva aos balcões do INSS, além da terceirização. Nesta terça-feira, Marinho anunciou a contratação de 7 mil militares da reserva para o atendimento ao público, além de uma “perícia” em 1,5 mil servidores afastados. Ou seja, além de não atuar para resolver o problema, o governo aponta o aprofundamento do assédio contra os servidores.

Mais do que isso, Guedes pretende anunciar nos próximos dias os pontos da reforma administrativa que, entre outros ataques, acaba com a estabilidade no funcionalismo.

O governo Bolsonaro e Paulo Guedes reforçam com isso a estratégia de desmontar completamente todos os serviços públicos. Após a reforma da Previdência, sancionado em novembro e que vai tirar o direito à aposentadoria de milhões de trabalhadores nos próximos anos a favor dos banqueiros, agora deixam mofar nas filas do INSS trabalhadores, aposentados e pensionistas que já tem direito aos benefícios a que recorrem, mas que estão a ver navios.