Para protestar contra a violência homofóbica, um grupo de manifestantes realizou um ato com velas na região da Av. Paulista, em São Paulo, na noite de sábado, 8 de outubro. O ato foi marcado pelo facebook, para o mesmo local em que, no sábado anterior, um casal de homossexuais foi brutalmente espancado.

Naquele dia, depois de defender uma amiga que estava sendo assediada pelos agressores num bar, o casal foi seguido e foi alvo de xingamentos homofóbicos até que, na esquina da Rua Fernando de Albuquerque com a Bela Cintra, foram atacados com golpes violentos. Um deles chegou a ter a perna quebrada e traumatismo craniano.

As vítimas, obviamente, não puderam participar do ato, uma vez que uma delas ainda encontrava-se hospitalizada, porém mais de cem ativistas estiveram presentes. Além de velas acesas, eles portavam cartazes exigindo a aprovação do PLC 122/06, que criminaliza a homofobia, por um Estado laico e contra o machismo e a homofobia. Além das velas, foram feitos desenhos com gliter chão, transformando o cenário da violência num cenário de luta e de orgulho LGBT.

Foi um ato que expressou uma solidariedade concreta não apenas ao casal agredido, mas a todas as vítimas da violência homofóbica e disposição para mudar essa situação.

“São velas de luto e de luta. É um luto pelas vítimas da homofobia e luta pelos nossos direitos. Exigimos punição dos criminosos, queremos ver a aprovação do PLC 122 que criminaliza a homofobia na sua versão original!” disse Guilherme Rodrigues, ativista do movimento LGBT e militante do PSTU, que foi agredido a dois quarteirões dali, em março deste ano.

Violência e Impunidade
Os agressores foram identificados, mas infelizmente seus nomes não foram divulgados. Foi através das informações registradas no bar onde os criminosos estiveram que a Polícia Civil pôde chegar até eles.

Em depoimento à Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), um dos agressores, assim como seu advogado, negou que a violência tenha sido motivada por homofobia, afirmando que o ocorrido teria sido somente uma briga. Segundo eles, os acusados paqueravam algumas garotas que sentiram-se incomodadas e foram defendidas pelo casal gay.

Essa versão é no mínimo insensata. Não apenas porque é negada pelas testemunhas, pelas imagens registradas pelas câmeras de segurança ou por toda a violência utilizada pelos agressores, mas também porque eles ainda se utilizam do assédio sexual às garotas para explicar a suposta briga. É absurdo, mas para esses criminosos o machismo pode justificar a brutalidade homóbica que cometeram.

Mais absurdo ainda é que os espancadores responderão ao crime em liberdade! E tem sido assim na maioria dos casos.

Apesar de ter a maior Parada do Orgulho LGBT do mundo, o Brasil é o país onde ocorrem mais assassinatos por homofobia – 1 a cada 36 horas. O número de assassinatos cresceu 113% nos últimos 5 anos, segundo dados divulgados pelo Grupo Gay da Bahia.

A impunidade perpetua essa situação. É preciso dizer que os governos e o Poder Público também têm responsabilidade sobre esses crimes, pois seguem omissos.

Apesar desse crescimento escandaloso da violência homofóbica, o PT de Marta Suplicy, Lula e Dilma foi incapaz de garantir a aprovação do PLC122/06, em mais de 8 anos de governo. A aliança espúria com os setores mais conservadores e reacionários da sociedade tem obstaculizado não apenas a criminalização da homofobia, mas qualquer medida concreta que possa melhorar de fato a vida dos homossexuais da classe trabalhadora. Para não se indispor com seus aliados fundamentalistas, nem com seus eleitores, Dilma sequer se posicionou publicamente em relação a criminalização da homofobia.

Para haver justiça e combater os crimes de ódio, são necessárias leis que protejam os homossexuais. Infelizmente elas não virão espontaneamente, nem deste Governo, nem do Congresso. Nossos direitos e nossa liberdade terá de ser conquistada nas ruas, com muitas velas, cartazes e beijaços, junto aos nossos verdadeiros aliados: a classe trabalhadora.

  • Veja as imagens do ato (Portal Uol)