Em razão da greve de 24h realizada pelos trabalhadores, a GM de São José dos Campos decidiu recuar e marcou nova negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos para esta quarta-feira, dia 20, às 9h.

A greve começou nesta terça-feira, às 6h, em razão do impasse nas negociações da Campanha Salarial 2006. Uma assembléia realizada com os metalúrgicos do primeiro e do segundo turno decidiu pela mobilização.

Depois da rejeição à proposta da empresa, os trabalhadores do primeiro turno saíram do pátio da S-10, onde foi realizada a votação, e partiram para a entrada do MVA. Neste local, foi decidido que os metalúrgicos voltariam para as suas casas.

Na segunda-feira, houve uma negociação entre o Sindicato dos Metalúrgicos e a direção da GM, que durou 9 horas. A montadora ofereceu reajuste de 5,47% e abono de R$ 400.

“Os trabalhadores rejeitaram a proposta da empresa e avaliam que ela tem condições de nos dar um aumento maior, até porque os lucros das montadoras são recordes“, disse o presidente do Sindicato Adilson dos Santos, o Índio.

Obstáculo nas negociações
O principal obstáculo que está sendo enfrentado pelos trabalhadores que querem conquistar um reajuste maior é um acordo que foi fechado no ano passado entre a CUT, a Força Sindical e o Sinfavea (Sindicato Nacional da Indústria de Tratores, Caminhões, Automóveis e Veículos Similares).

Este acordo prevê a reposição da inflação e apenas 1,23% de aumento real (totalizando 4,19%) para a data-base de 2006. Desta forma, essas centrais simplesmente abandonaram os trabalhadores e sequer estão fazendo Campanha Salarial, assembléias e greves.

Ainda pior é que no acordo assinado por CUT e Força existe uma cláusula que pretende “amarrar“ as negociações das categorias que não aceitaram fechar acordo por dois anos. Essa cláusula prevê que, se em alguma for conquistado reajuste maior, os acordos fechados não teriam validade e novas negociações seriam necessárias.

“É incrível a que ponto chegou a traição de CUT e Força Sindical com a assinatura desse acordo por dois anos. Este ano, além de encararmos a GM, somos obrigados a enfrentar todas as outras montadoras do estado. Mas os metalúrgicos estão mostrando a sua força“, disse Índio.

Com a greve de 24h, a GM deixou de produzir cerca de 900 veículos na fábrica de São José dos Campos.