Panfletos, santinhos, bandeiras e muitos sorrisos. É difícil não perceber, a campanha eleitoral começou. Nos próximos meses, a população será saturada por promessas vazias de velhos políticos profissionais. Prometendo o paraíso na Terra, eles querem renovar as esperanças do povo e dos trabalhadores nesse regime político. Assim, eles se mantêm no poder e as coisas ficam como estão.

A chamada democracia burguesa alimenta a ilusão de que o voto pode mudar a realidade. Assim, se a vida anda difícil e a corrupção vira a regra na política, a culpa é transferida para o povo, que “não soube votar direito”. O regime burguês é, no entanto, uma ditadura dos ricos escondida sob uma máscara democrática.

Os financiamentos milionários de empresários, banqueiros e latifundiários determinam os políticos que serão eleitos. São os mesmos de sempre que, no parlamento, defendem os interesses da burguesia. Só na campanha à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy (PT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) declararam que irão gastar algo em torno de R$ 80 milhões.

Se as eleições para presidente mobilizam as esperanças de milhões, as municipais não fogem à regra. Os prefeitos e vereadores são os representantes desse regime que estão mais próximos da população. É onde também aparecem de forma mais explícita as práticas clientelistas e coronelistas, como a compra de votos em troca de cestas básicas, ou até mesmo através de ameaças.

As prefeituras gerem parte importante do sistema público de saúde, educação, transporte e assistência social. Assim como ocorre na esfera federal e estadual, os municípios respondem à Lei de Responsabilidade Fiscal, que prioriza o pagamento da dívida em detrimento dos investimentos sociais. Ou seja, é a base da pirâmide que mantém esse regime.

Não é apenas a campanha eleitoral, porém, que se reveste de uma falsa máscara democrática. Ultrapassando a barreira das eleições, o próprio parlamento não apresenta qualquer possibilidade de transformação social.

Por que participar das eleições?
O PSTU está apresentando candidaturas diferentes nestas eleições. Alternativas da classe trabalhadora aos candidatos da burguesia. Mas, se a campanha eleitoral é, em geral, uma grande farsa a fim de renovar e perpetuar as ilusões do povo e dos trabalhadores nesse regime, por que participar das eleições? Historicamente, os revolucionários aproveitam o espaço conquistado no regime para atuar contra ele. As eleições inclusive.

A campanha eleitoral, nesse marco, é utilizada pelo partido revolucionário para fazer propaganda de sua política, denunciar o sistema e essa falsa democracia e, sobretudo, apoiar as lutas concretas dos trabalhadores. Assim, as promessas vazias dos políticos tradicionais dão lugar a um discurso de classe, de denúncia contra o capitalismo e defesa do socialismo.

Para o PSTU, segue hoje mais válida que nunca uma resolução da III Internacional sobre as eleições. Segundo ela, o parlamento burguês é um ponto de apoio secundário para o partido. “A campanha eleitoral em si mesma deve ser conduzida, não no sentido da obtenção do máximo de mandatos parlamentares, mas no sentido da mobilização das massas”, diz a resolução. Isso porque o que é importante, estratégico, para o partido revolucionário, é a mobilização das massas.
As eleições são uma tática submetida a isso. Na medida em que os trabalhadores ainda mantêm suas ilusões nesse regime, o PSTU utiliza o curto espaço nas eleições para denunciá-lo e impulsionar as lutas.

Frente Eleitoral de Esquerda
Nessas eleições, o PSTU defendeu uma frente de esquerda que unificasse o PSOL, PCB e PSTU, sem nenhuma representação dos partidos burgueses. O objetivo é estimular uma alternativa dos trabalhadores contra o governo e também contra a oposição burguesa.

Tal frente se formou na maioria das capitais do país incluindo Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Belém, Fortaleza, João Pessoa, Aracaju, Teresina, Salvador, Manaus, Campo Grande e Goiânia.

A frente não se concretizou em cidades onde o PSOL se aliou a partidos da burguesia, como em Porto Alegre (com o PV, da base do governo Lula) e Macapá (PSB). A frente também não saiu aonde o PSOL quis impor um critério arrogante e autoritário. Em Maceió, por exemplo, infelizmente com apoio de Heloísa Helena, o PSOL simplesmente não aceitava que os candidatos a vereador do PSTU tivessem tempo no programa de TV.

Candidaturas das lutas dos trabalhadores…
Outro aspecto importante da participação dos socialistas nas eleições é a apresentação de candidatos que representam as lutas diretas dos trabalhadores. Os candidatos do PSTU são metalúrgicos, petroleiros, bancários, professores, servidores. São lideranças grevistas que atuam direta e cotidianamente nas lutas dessas categorias. Durante a campanha, o PSTU cederá seu tempo de TV para o apoio às greves que ocorrerem.

Toda a campanha eleitoral do PSTU é financiada com recursos dos próprios trabalhadores. Caso eleito, o candidato colocará seu mandato a serviço da mobilização, não terá qualquer privilégio material e continuará vivendo com o mesmo salário que ganhava antes de eleito.

Da mesma forma, os discursos de nossos candidatos não apresentam promessas vazias. Ao contrário, nossa campanha afirma que nada vai mudar sem uma ampla mobilização dos trabalhadores. Coloca a necessidade de se parar de pagar a dívida aos estados e governo federal, a fim de se investir em saúde, educação e demais áreas sociais. Denuncia, por isso, a Lei de Responsabilidade Fiscal, que classifica como crime não pagar a dívida.

…e socialistas
Coerente com essa política, um dos principais diferenciais das candidaturas do PSTU é a opção clara pelo socialismo. Nenhuma mudança de fato vai ocorrer nos limites do capitalismo. A burguesia e os partidos reformistas acusam o PSTU de “utópico”. Querem fazer parecer estranho falar de socialismo nas eleições municipais, cujos problemas discutidos são buracos de ruas, a precariedade dos postos de saúde e das escolas.

As propostas irreais, “utópicas” ou mesmo mentirosas, porém, partem desses partidos. Como melhorar a saúde, educação e demais áreas destinando a maior parte dos recursos ao pagamento da dívida aos banqueiros e especuladores? Como governar para a maioria do povo num sistema cujo sentido é perpetuar o lucro de poucos ao custo da miséria e exploração da maioria? Por isso, um programa coerente e realista de verdade não pode se restringir aos marcos do capitalismo.

Só através do socialismo é possível resolver os problemas que afligem o cotidiano da grande massa dos trabalhadores.

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