A crise grega aparece como uma declaração formal de guerra social do grande capital europeu e coloca a Europa em uma situação nova. Para salvar-se, precisa atacar frontalmente as conquistas da classe trabalhadora, incluída a dos países centrais, e empobrecer e submeter à “vassalagem” os países da periferia, como a Grécia. Seu objetivo último é impor-nos um retrocesso de décadas.

Situações como a da Letônia, país membro da UE “resgatado” conjuntamente pelo FMI e a UE, mostram até onde podem chegar suas pretensões: a economia deste país, submetida a um “programa estratégico de desvalorização interna”, retrocedeu em dois anos mais de 25% (18,3% em 2009), o que é equiparável à destruição de uma nação em consequência de uma guerra ou uma catástrofe natural de enormes proporções.

Há setores da esquerda que propõem a “democratização” da UE e exigem dela uma política “social e ecológica”. Isto, que parece ser um programa “realista”, é na verdade uma armadilha reacionária. A UE é um instrumento do grande capital europeu contra os trabalhadores europeus e os povos do mundo, uma invenção antidemocrática que não admite reforma.

Ainda que não seja compartilhado pela maioria da esquerda, o período aberto na Europa vai obrigar a retomar a via revolucionária. Não poderemos enfrentar a brutal ofensiva capitalista e assegurar a verdadeira unidade europeia sem tomar medidas de expropriação do capital e sem nos unirmos em uma Europa dos trabalhadores e povos.
Estamos diante do início de uma grande ofensiva de longo alcance. Mas isso não vai ser fácil para os capitalistas. A combatividade dos trabalhadores e do povo grego, vanguarda da luta europeia, com suas duas greves gerais nos dias 10 e 24 de fevereiro, mostrou que não será fácil lhes enganar.

Diferente do último ano e meio de passividade, há mostras de que as mobilizações de resistência vão tomando um impulso sustentado, como se expressa nas greves da Itália (Cerdeña, Fiat-Sicília), na dos empregados da British Airways e Lufthansa ou nos trabalhadores das refinarias Total na França, ou na mudança que parece apontar na Espanha.

É no curso deste longo e complicado processo que agora se abre que deveremos ir construindo a nova direção revolucionária que a classe trabalhadora europeia necessita.
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