O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), dirigido por PCdoB e PSB, cumpre o papel de cão de guarda do governo Jaques Wagner (PT). Depois de pouco mais de 50 dias de greve, em que os professores se enfrentaram com o governador petista, além das sabotagens da CUT e do próprio sindicato, a direção da APLB segue traindo a luta.

Na assembléia do dia 17 de julho, a oposição (composta por professores ligados à Conlutas, CUT e Intersindical) conseguiu aprovar a proposta de paralisação das aulas nos dias de negociação. Entretanto, a direção do sindicato não jogou nenhum peso para a mobilização, deixando a categoria à própria sorte.

Na última assembléia, no dia 27, o PCdoB quis proibir a entrada de militantes do PSTU, que durante toda a greve apoiaram a luta dos professores e denunciaram o peleguismo da direção da APLB. Com a desculpa esfarrapada de que “pessoas” de fora da categoria estavam votando nas assembléias, a direção do sindicato decidiu pedir contracheque para permitir o livre acesso à assembléia. A cobrança de holerite ou carteira de filiação ao sindicato serve também para esvaziar as assembléias, pois são formadas filas enormes para a comprovação, fazendo muitos trabalhadores honestos desistirem de participar.

Depois que os militantes do PSTU, do PSOL, independentes e da Conlutas ameaçaram denunciar na base a manobra burocrática, a entrada foi permitida.

“O governo do PT é de traição”
O grande momento da assembléia foi a entrada dos estudantes do Colégio Odorico Tavares, que denunciaram a exoneração do diretor eleito, Wendel Leão. A escolha da direção é feita por indicação, prática do “carlismo” mantida por Wagner e legitimada pela direção do sindicato. O Opinião Socialista entrevistou Wendel, militante do PSOL.

Opinião Socialista – Como se deu sua eleição?
Wendel Leão
– Minha eleição é fruto de um processo histórico em que a comunidade, depois de tirar dois diretores impostos (“carlistas”), conseguiu eleger um diretor. Minha candidatura teve 70% dos votos, derrotando outras duas, inclusive uma carlista.

Como a comunidade escolar reagiu à desoneração?
Wendel
– Fomos pegos de surpresa, mas estamos reagindo. Tanto professores quanto estudantes já se reuniram em assembléia para lutar pela minha permanência.

Como estão vendo o governo do PT?
Wendel
– O governo do PT é um governo de traição em todos os aspectos, seja nas alianças, seja nas propostas.

O que você está achando da posição do sindicato?
Wendel
– O sindicato é base do governo e também vem fazendo indicações para diretores.
Post author Lucas Ribeiro e Paula Farias, de Salvador (BA)
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