Marcha no dia 5 de novembro
Indymedia México

Marcha reuniu cerca de um milhão de pessoas no domingo, dia 5A brutal repressão desencadeada pelo governo de Vincent Fox não conseguiu acabar com a revolta social que tomou conta de Oaxaca, capital do estado de mesmo nome do sul do México, uma das regiões mais pobres do país. A ofensiva militar do governo federal ocorreu após ataques de forças paramilitares contra integrantes da APPO (Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca), organismo que reúne movimentos sociais, indígenas e sindicais e que se constituiu na cidade como um verdadeiro organismo de duplo poder.

No entanto, a ocupação militar de Oaxaca não tem conseguido sufocar o levante. A Polícia Federal Preventiva (PFP), força especial mantida para reprimir movimentos sociais, invadiu a cidade no dia 27 de outubro, conseguindo tomar o Zócalo, área que concentra os principais prédios públicos e epicentro das manifestações que deram origem ao ascenso. Porém, contra todas as expectativas do governo, a APPO está longe de ser derrotada. Apesar das inúmeras prisões e torturas, a Assembléia se mantém pelo apoio maciço da população e dos setores organizados dos trabalhadores.

No último dia 2 de novembro as forças federais sofreram sua primeira grande derrota em Oaxaca. A PFP tentou invadir a Universidade Autônoma Benito Juarez, no qual funciona a rádio universitária ocupada pelos insurretos e utilizada para coordenar o movimento de resistência contra os ataques. A APPO e a população, convocada pela rádio, saíram às ruas em defesa da rádio e repeliram o ataque, forçando o recuo dos policiais.

Já no domingo, dia 5 de novembro, uma grande manifestação exigindo a saída do governador Ulises Ruiz, a retirada das tropas e a liberdade dos presos políticos reuniu algo em torno de 1 milhão de pessoas, perfazendo 3 Km de marcha pelas ruas de Oaxaca. A polícia continua seqüestrando manifestantes e há inúmeras denúncias de torturas e abusos.

A mobilização, no entanto, parece longe de terminar. Na terça, dia 7, uma marcha reuniu 4 mil mulheres. Vestidas de preto, elas denunciaram a repressão e os assassinatos, exigindo a imediata libertação dos presos políticos. Desde o início do conflito, as mulheres de Oaxaca estão na linha de frente das mobilizações. A marcha foi reprimida com jatos d´´agua lançados de tanques da PFP.

APPO realiza congresso
O levante, porém, não se resume à exigência de “Fora Ruiz”. Nos próximos dias 10, 11 e 12 de novembro a APPO realiza seu primeiro Congresso. Os objetivos da Assembléia, segundo a convocatória do Congresso passam pela destituição de Ulises até a “resolução da solução das demandas de todos os oaxaquenhos e oaxaquenhas e avançar nas transformações profundas que nosso povo necessita”.

O Congresso da APPO aprovará o programa, estatuto, plano de ações, além de uma coordenação de direção, avançando a organização dos povos oprimidos de Oaxaca.

Solidariedade
Manifestações em solidariedade à Oaxaca e contra a repressão estão ocorrendo em várias partes do mundo. No Brasil, a principal atividade até agora foi em Brasília, com a entrega de um manifesto ao embaixador mexicano. Em São Paulo o Comitê de Solidariedade aos Povos de Oaxaca realizará sua próxima reunião no dia 11 de novembro, às 17 horas na Escola de Sociologia e Política (rua General Jardim 522, na Vila Buarque – entre o metrô Santa Cecília e República).

ASSISTA AO VÍDEO DA MARCHA

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