No último dia 2, teve início mais uma greve dos bancários em todo o país. Apesar do papel nefasto da CUT, o movimento atropelou a central e a greve do Banco do Brasil e dos bancos privados foi deflagrada em vários lugares, como Rio de Janeiro e Brasília, que têm o segundo e o terceiro sindicatos mais importantes do país, respectivamente. Isso ocorreu apesar da CUT ter orientado seus 130 sindicatos a aceitar a proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para bancos privados e (BB) e defender a greve apenas na Caixa Econômica Federal (CEF).

A greve do BB e dos bancos privados, porém, não durou muito, pois os sindicalistas da CUT uniram-se aos bancos e, em assembléias lotadas de gerentes, defenderam a proposta dos bancos, acabando com a greve.

Mesmo sem os demais bancários na greve, o movimento dos funcionários da Caixa Econômica Federal estourou com muita força. Há quem diga que é uma das greves mais fortes dos últimos 20 anos. Os bancários lutam por reajuste salarial de 10,3% e pela reposição das perdas de mais de 100%.

A paralisação se dá com notícias surpreendentes como a do piquete da Matriz, em que os bancários fecharam a garagem do prédio e enfrentaram a polícia para garantir o fechamento do local mesmo contra a vontade do sindicato. No Rio Grande do Norte, outro exemplo. Até os gerentes aderiram ao movimento e participam da greve pela primeira vez desde os anos 1980.

,b.Terror e traição
Duas coisas colocam em risco o movimento: a ameaça que a Caixa está fazendo de ajuizar o dissídio no Tribunal Superior do Trabalho (TST), como fez a ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) com os trabalhadores dos Correios. Esta é uma nova tática do governo Lula para intimidar os trabalhadores que ousam lutar por seus direitos.

O outro problema é a traição que pode ocorrer nas negociações sem a presença da base. O Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB) propôs, em várias assembléias pelo país, eleger um Comando Nacional de Base, na proporção de um representante para cada 1.000 bancários da Caixa. Esta proposta tiraria das mãos da CUT o controle das negociações. O Comando de Negociação, hegemonizado pela CUT, recusa-se a reivindicar a reposição das perdas dos bancários. Na opinião do MNOB, só com a base controlando o processo de negociações poderá haver uma vitória do movimento.
Post author Wilson Ribeiro, de São Paulo (SP)
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