O ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci não perde dia de serviço. Antes de enviar sua carta de afastamento do cargo, enviou ao Congresso um relatório prevendo o aumento do aperto fiscal do governo para 2006.

O relatório prevê um corte de até R$ 22,4 bilhões no Orçamento de 2006. A meta de superávit primário do setor público, para garantir o pagamento de juros da dívida, é de 4,25% do PIB, equivalente a R$ 89,5 bilhões. Para economizar tanto assim, muitos cortes devem ser feitos em áreas que não são prioridade do governo, como já demonstrado nos anos anteriores: saúde, educação, reforma agrária, reajustes salariais.

Essa economia é dividida todos os anos entre estados, municípios e governo federal, e quem sempre perde é a população, já que os serviços públicos de todas as esferas são afetados pelos cortes. Antes, estava previsto que, neste ano, estados e municípios se encarregariam de economizar R$ 23 bilhões e o governo federal e suas estatais outros R$ 66,4 bilhões. Nas novas projeções, o esforço federal é elevado para R$ 70,5 bilhões, ou 3,35% do PIB.

E não é porque Palocci saiu da Fazenda que tais planos devem sofrer alterações, pois o novo ministro, Guido Mantega, afirmou com todas as letras que vai manter a mesma política econômica de aperto encaminhada nos últimos anos por seu antecessor, já que “A política econômica não é a do ministro Palocci, da ministra Dilma ou do ministro Paulo Bernardo. É a política econômica do presidente Lula”.