Faixa em protesto no Rio de Janeiro
Redação

Fora Dilma, Cunha, Temer, Aécio e esse Congresso

Vivemos um acirramento da crise econômica e política no país. Ao mesmo tempo em que a recessão se aprofunda, a crise política que vinha se esfriando nesse último período ganha agora força com os novos fatos da Operação Lava Jato. O vazamento da suposta delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-líder do governo, e a condução de Lula pela Polícia Federal para prestar depoimento em São Paulo aceleram em muito a dinâmica dessa crise.

PT, PSDB e PMDB junto contra os trabalhadores
O governo do PT e a oposição burguesa capitaneada pelo PSDB firmaram um acordão para impor uma série de ataques cujo único sentido é o de jogar o custo da crise nas costas dos trabalhadores. Entre eles está a realização de uma nova reforma da Previdência para estabelecer a idade mínima às aposentadorias e um projeto de lei a ser enviado ao Congresso que torna permanente o ajuste fiscal, estabelecendo uma série de gatilhos automáticos para impor mais cortes ao Orçamento, que pode até revogar o aumento do salário mínimo.

Já no Senado, Dilma realizou um acordo com o senador José Serra (PSDB-SP) para entregar o Pré-Sal às petroleiras multinacionais e avançar na privatização da Petrobrás. E para terminar esse verdadeiro pacote de maldades, na Câmara, os deputados aprovaram a chamada “lei antiterror”, enviada pelo próprio governo Dilma e que tem o objetivo de criminalizar os movimentos sociais e prevenir eventuais explosões sociais.

Crise política se aprofunda
Mas nem esse acordão em torno a esses ataques foi capaz de deter a crise política. Em Brasília, o Supremo Tribunal Federal finalmente aceitou a acusação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que agora é oficialmente réu. Ao mesmo tempo, Cunha também teve seu processo de cassação aprovado no Conselho de Ética.

Já o Planalto se vê numa situação cada vez mais difícil. A revista Istoé divulgou, nesta quinta, uma suposta delação premiada de Delcídio Amaral pouco antes de deixar a prisão. Nela, o senador incrimina diretamente a presidente Dilma e o próprio Lula.

E nesta sexta, 4, finalmente, Lula foi alvo da nova fase da Operação Lava Jato e conduzido pela Polícia Federal para prestar depoimento coercitivo (obrigatório). Contra ele pesam acusações de favorecimento de grandes empreiteiras, incluindo repasses de R$ 30 milhões das cinco maiores empreiteiras, além das reformas do sítio de Atibaia e do triplex em Guarujá realizada pela Odebrecht e OAS.


Lula dá entrevista coletiva na sede do PT após prestar depoimento 

Lula e o PT sofrem hoje as conseqüências por terem adotado uma política de governar por alianças com os patrões e os seus partidos e de fazer um governo voltado para atender os interesses de banqueiros e grandes empresas. Uma política que não é muito diferente da do PSDB. É produto dessa aliança com o empresariado que ele acabou incorporando também o modus operandi de todos eles, como o esquema de corrupção, que atinge de forma indiscriminada o PMDB, o DEM, o PP de Maluf, todos os partidos patronais, e também o PSDB. O PSDB que já governou esse país e que terminou o governo FHC atolado em corrupção e inclusive hoje está até envolvido no desvio da merenda em São Paulo.

Nem ir aos atos do PT, nem aos do PSDB
Com o agravamento da crise política, o PSDB vinha reforçando o chamado às manifestações do dia 13 de março. A operação contra Lula nesta sexta, porém, precipitou esse processo. O PT, que vinha convocando a militância para defender Lula e o governo no próximo dia 31, junto com a CUT e a “Frente Povo Sem Medo”, também se adiantou e conclamou os militantes a irem às ruas.  A direção da CUT também anunciou que fará vigília permanente em defesa do governo e do ex-presidente do PT.

Nem um nem outro são alternativas aos trabalhadores.  Não é possível lutar contra os ataques do governo estando ao seu lado. Tampouco o PSDB representa algo diferente ao que está aí. Estão todos juntos envolvidos em corrupção, na aprovação da reforma da Previdência, no ajuste fiscal e na entrega do petróleo às multinacionais.

Eleições gerais já!
O impeachment ou a impugnação da chapa Dilma-Temer não serve aos trabalhadores. Trocar Dilma por Eduardo Cunha ou Renan Calheiros é trocar seis por meia dúzia. Já o senador Aécio Neves (PSDB) está defendendo de forma oportunista a renúncia de Dilma e aponta apenas para novas eleições presidenciais, querendo se eleger presidente. O PSDB não tem a menor moral para se cacifar como alternativa ao governo do PT e faz uma proposta que muda muito pouco. Não basta só mudar o presidente, tem que mudar todo esse Congresso de picaretas, onde mais de 70% recebeu financiamento de empreiteiras, e mais de 130 sofrem inquérito por corrupção.

Esse país só vai mudar quando os trabalhadores e a maioria da população botar todos pra fora e construir um governo socialista dos trabalhadores apoiado em conselhos populares e não nesse Congresso Nacional.  Enquanto não temos os conselhos populares, defendemos eleições gerais já, não só para presidente, mas para todo mundo. Novas eleições em que esses corruptos envolvidos na Lava Jato ou em outros escândalos de corrupção, incluindo Aécio, não possam participar.

Defendemos novas eleições sem financiamento de empresas e banqueiros, em condições iguais para todos, inclusive com tempo de televisão igualitário. Eleições com mandatos revogáveis, pois o povo tem o direito de tirar a qualquer momento quem elegeu, sem qualquer privilégio e salários iguais ao de um operário qualificado.

Mas é preciso dizer esse país só vai mudar mesmo com um governo dos trabalhadores, sem patrões e corruptos. Um governo baseado em conselhos populares em que os trabalhadores e a população governem.

Ir às ruas pra botar todos pra fora
É preciso ir às ruas contra Dilma, Aécio, Temer, Cunha e esse Congresso Nacional corrupto. É necessário impulsionar um dia de luta da classe trabalhadora. Nesse sentido, ganha cada vez mais importância o chamado realizado pela CSP-Conlutas, o Espaço Unidade de Ação e diversas entidades do funcionalismo público federal para uma jornada de lutas no próximo dia 1º de abril contra esses ataques.

Também está sendo convocada, para o 1º de maio, uma grande manifestação nacional em São Paulo. É necessário unificar as lutas rumo a uma Greve Geral para derrotar os ataques. E isso só é possível botando todos eles pra fora.