O Espaço Hip-Hop, do Acampamento Internacional da Juventude, foi palco nesta quinta-feira, 28, do debate “Haiti: luta e solidariedade”, promovido pela Assemblea Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL). Cerca de 60 pessoas passaram pela atividade, que teve como colaboradora a militante do PSTU, doutoranda em Educação e funcionária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Vera Rosane de Oliveira.

O debate foi um dos poucos espaços do Fórum Social Mundial em Porto Alegre que tinha como tema a questão do Haiti. Hoje, sem dúvida, esse é um dos principais temas da luta de classes em nível mundial.

Vera analisou a história do Haiti, seu povo e sua luta, desde 1804, ano da Revolução Anticolonial que expulsou os franceses do país, até os dias de hoje, de ocupação militar da ONU e de resistência do povo haitiano contra o imperialismo. Sobre a catástrofe que atingiu o país há poucas semanas, ela apontou como fator que potencializou a tragédia as péssimas condições de vida do povo haitiano, resultado de séculos de exploração.

“Nos EUA, a última grande catástrofe ambiental não teve as mesmas proporções. Já no Haiti não, isso porque o povo haitiano não tem saneamento básico, moradia adequada e 80% da população vive abaixo da linha da pobreza”, afirmou Vera.

Aberto o debate, os participantes puderam expor suas opiniões, dúvidas e sugestões, questões importantes foram colocadas como “o que fazer para ajudar o Haiti?” e “qual o papel das tropas brasileiras?”. Diversas ideias e sugestões de como organizar a solidariedade ao povo haitiano também foram propostas, como boicotar as empresas que têm fábricas e impõem um regime quase escravo aos trabalhadores haitianos e exigir do governo Lula que abrigue os estudantes do Haiti que hoje veem a Universidade de Porto Príncipe aos escombros.

Durante o fechamento, Vera respondeu às perguntas e opinou sobre algumas questões abordadas. Falou sobre a campanha de solidariedade, organizada pela Conlutas junto com outras entidades, que visa angariar recursos para entregar às organizações operárias do Haiti e fazer um grande movimento no Brasil pela retirada das tropas.

Sobre o papel das tropas, Vera disse que nada mais são do que seguranças do imperialismo que explora dia-a-dia o país. Ela citou como exemplo: “Em 2004, os jogadores do Brasil e Lula visitaram o Haiti e foram saudados com as tropas pelo povo haitiano, hoje cinco anos depois a população já fez sua experiência, na última visita do presidente gritou: fora as tropas de ocupação!”.

Para os participantes do debate, ficou a tarefa de organizar a solidariedade ao povo haitiano e a clareza de que é preciso fortalecer a resistência daqueles que lutam por um Haiti livre. A ANEL está junto nessa batalha.