Entidade realiza sua II Assembleia e se prepara para os congressos da Conlutas e de unificaçãoNo último dia 2, reuniu-se no Rio de Janeiro a II Assembleia Nacional da Anel (Assembleia Nacional dos Estudantes). O fórum máximo da entidade entre um congresso e outro contou com a presença de 268 estudantes de 13 estados. Pela representatividade e qualidade do debate, expressou-se a consolidação que vive a entidade. Esse desenvolvimento positivo, por sua vez, está relacionado às principais iniciativas da Anel ao longo deste semestre.

Desde as calouradas, com a volta às aulas, a Anel realizou uma forte campanha de solidariedade ao povo haitiano, que coletou fundos para o movimento operário daquele país e exigiu a retirada das tropas brasileiras. A campanha foi a resposta mais contundente e coordenada nacionalmente do movimento estudantil combativo à catástrofe social instalada naquele país.

A Anel também esteve em importantes lutas que movimentaram escolas e universidades públicas e privadas. Foi assim no combate à desvinculação da Fatec-SP ao Centro Paula Souza/Unesp, e na luta pelo bandejão na UFRN. Os estudantes da PUC-MG lutaram por qualidade no ensino junto com a Anel, assim como os professores do estado de São Paulo contaram com o apoio da entidade em sua greve.

Este semestre assistimos, ainda, ao fortalecimento dos fóruns da Anel, com a realização de diversas assembleias estaduais país afora. Além de organizarem uma rica camada de ativistas, as instâncias estaduais da entidade votaram suas direções regionais e puderam preparar a entidade para campanhas que respondem às demandas regionais dos estudantes e trabalhadores. Em São Paulo, foram 160 estudantes reunidos no Mackenzie articulando uma campanha em defesa da educação. No Rio de Janeiro, as enchentes que mataram ou desabrigaram centenas de trabalhadores pobres provocaram a campanha “Rio por água abaixo”, que denuncia a omissão dos governos – verdadeiros responsáveis pela tragédia. Em Minas Gerais, Pará, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Paraíba, entre outros estados, a Anel terminará o semestre tendo avançado em sua organização.

Todas essas iniciativas ampliaram o número de ativistas e entidades que constroem a Anel. Nesse campo, cabe destacar a resolução aprovada no congresso de estudantes da UFPA, onde 2.500 estudante decidiram pelo ingresso de seu DCE na entidade.
Dessa forma, a II Assembleia Nacional expressou todas essas experiências, no sentido de preparar as atividades da entidade nesta reta final do semestre. Como disse Luis Claudio, do DCE-UFRuralRJ e da Comissão Executiva Nacional da entidade, “a Anel chegou e chegou para ficar”.

Próximo desafio
Foi destacada também a preparação final dos congressos da Conlutas e o da Classe Trabalhadora (Conclat). A Anel jogará todas as suas forças para a divulgação desses eventos na eleição de delegados, arrecadação de finanças, entre outras tarefas.

“Está posta a oportunidade de o movimento estudantil combativo se unir de fato com a luta dos trabalhadores, em uma mesma organização, marcando sua diferença com o governismo que tomou conta da maioria das entidades no governo Lula”, disse Camila Lisboa, da Comissão Executiva Nacional.

A Assembleia aprovou, ainda, um chamado à esquerda da UNE pela construção unitária do Congresso de Unificação na base dos estudantes.

É possível dar um passo à frente
A unificação de todos os setores que se mantiveram independentes e estão na oposição de esquerda ao governo Lula é uma vitória de todo o movimento social brasileiro. Uma das principais resoluções da II Assembleia Nacional da Anel foi a decisão de ir a todas as escolas e universidades debater o Conclat e enviar 120 observadores do movimento estudantil.

Uma das grandes polêmicas do congresso será a participação dos estudantes na nova central. Outro debate importante no movimento estudantil será sobre romper ou não com a UNE. Os mesmos setores que fazem parte da nova central ainda defendem no movimento estudantil a participação nos fóruns da UNE.

Mas o processo de reorganização atual, respeitando as diferenças, também ocorre no movimento estudantil. Durante oito anos, Lula contou com uma amiga fiel no movimento estudantil. A UNE apoiou todos os projetos do governo, colocou no Ministério dos Esportes um ex-presidente, recebeu milhões e chegou ao ponto de apoiar Sarney em 2009. No maior processo de luta vivido pelo movimento estudantil nos últimos anos – as ocupações de reitoria em 2007 -, a UNE se mostrou incapaz de lutar até mesmo contra o governo Serra em São Paulo.

Foram oito anos de total atrelamento ao governo. Muitos já descartaram a política de ganhar a presidência da UNE e justificam sua participação com o argumento da “disputa da base”.

Nada mais justifica a postura dos companheiros da esquerda da UNE de se manter nesta entidade. Nós optamos por construir outra organização, mas ousamos dizer que há entre nós e a esquerda da UNE mais acordo do que entre a esquerda da UNE e a direção da UNE. Por que estar na mesma entidade com aqueles com os quais raramente houve unidade na luta? Por que se negar a construir uma entidade com aqueles com os quais há unidade na luta?

Uma unificação da Conlutas e da Intersindical vai mostrar que é possível e necessário unificar a esquerda e superar as velhas entidades que se venderam.
O governo dividiu o movimento estudantil quando transformou a UNE em uma secretaria do MEC. Agora, está em nossas mãos reunificá-lo. É possível dar um passo à frente no movimento estudantil.

Todos à plenária de estudantes de Santos
No dia 5 de junho ocorrerá em Santos uma plenária de estudantes convocada pela Anel e por setores da esquerda da UNE. Nela pretendemos debater as lutas e a reorganização. Não há momento melhor para isso já que estaremos todos presentes no Conclat. Assim como a Anel, a esquerda da UNE também dispõe de 120 vagas de observadores ao Conclat. É hora de ir para base discutir o congresso e preparar a plenária de Santos.

Post author Jorge Badauí, da Secretaria Nacional de Juventude do PSTU
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