Operários da Hitachi aprovam doação de parte do salário para ajudar trabalhadores haitianos
Claudio Capucho

A campanha de solidariedade dos trabalhadores brasileiros com o povo haitiano é um exemplo prático e emocionante de internacionalismo. Quando, por exemplo, os operários da GM votam dar 1% de seus salários para o povo haitiano, estão deixando na história uma referência importante. Nada semelhante ocorreu nas últimas décadas.
Além da ajuda concreta, se estabelece um vínculo político muito importante. Por um lado, o governo brasileiro manda tropas ocuparem o Haiti, e dá uma ajuda econômica muito pequena de 15 milhões de dólares (tomando em conta o peso econômico do país). De outro lado, operários tiram do bolso 1% de seus salários para a solidariedade concreta aos trabalhadores haitianos e para ajudá-los a lutar contra as tropas de ocupação.

A iniciativa da campanha da Conlutas já garantiu o envio de mais de R$ 100 mil para os trabalhadores haitianos. Agora, a campanha está chegando à base das categorias com peso. Comerciários de Nova Iguaçu, operários da construção civil de Belém, professores de São Paulo, universitários de todo o país. Em todos estes setores -e muitos mais- já estão em curso ações concretas para angariar fundos. É hora de multiplicar as iniciativas para ampliar a campanha.

Nessa campanha, estamos entregando as doações dos trabalhadores brasileiros diretamente a uma organização dos trabalhadores haitianos, o Batay Ouvriye (Batalha Operária). Não confiamos no governo Préval, na verdade um fantoche do imperialismo americano. Não confiamos no governo brasileiro, que esteve garantindo por quase seis anos a ocupação militar do país. Confiamos sim na luta dos trabalhadores haitianos.

Essas doações diretas dos trabalhadores brasileiros para os haitianos vão ficar na lembrança de cada um dos envolvidos por muitos anos. Não estamos falando apenas de uma proposta correta, mas de uma ação do movimento de massas que se dá por “fora da ordem” dominante. São fatos assim que compõem a história do movimento operário. E a Conlutas, em sua curta história, já tem um perfil internacionalista em questões tão urgentes e importantes como a haitiana. Foi da Conlutas a primeira delegação de trabalhadores a questionar diretamente a ocupação militar do país em 2007.

A existência de uma organização do movimento com o peso da Conlutas e independente do governo possibilita uma ação com este caráter. Por isso é tão importante a construção de uma nova central unificada, que vai resultar da fusão da Conlutas, Intersindical e outras correntes. Estes congressos se darão no mês de junho, o da Conlutas nos dias 3 e 4, e o Congresso da Classe Trabalhadora nos dias 5 e 6.
É hora de estender às bases a campanha de solidariedade aos trabalhadores haitianos. É hora de começar a construir na base o congresso sindical unitário.
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