Não foi sem motivo que a CUT tentou de todas as formas sabotar o Plebiscito, investindo contra as questões que atacavam diretamente a política econômica do governo. A principal razão disso é a iminência da aprovação de uma reforma que vai retirar ainda mais direitos previdenciários dos trabalhadores. A central governista sabe que uma ampla votação no plebiscito ajudaria a conscientizar os trabalhadores sobre os perigos da reforma, fortalecendo uma mobilização que se chocaria de frente com o governo.

Durante a reunião do Fórum Nacional da Previdência Social realizada no último dia 22, o atual ministro da Previdência e ex-presidente da CUT, Luiz Marinho, reafirmou o objetivo de finalizar a proposta de reforma até o final de setembro. Assim que terminada, a proposta será levada diretamente para a aprovação no Congresso.

As recentes turbulências no mercado financeiro internacional fizeram com que o governo apressasse a urgência da aprovação da reforma, a fim de garantir tranqüilidade aos investidores e banqueiros internacionais. Trata-se de um indicativo de que, aconteça o que acontecer, o pagamento dos juros da dívida pública será prioridade absoluta para o governo, em detrimento da Previdência e de investimentos sociais.

Por que dizer não à reforma
A farsa de que a Previdência é deficitária é tão grande que o próprio governo foi obrigado a alterar seu discurso. Agora, afirma que, embora não seja deficitária, é insustentável a longo prazo. Mais uma mentira para impor ainda mais ataques aos trabalhadores e aposentados. Veja, abaixo, por que votar “não” à essa reforma no Plebiscito Popular.

  • O governo quer desvincular o piso previdenciário do salário mínimo, arrochando ainda mais a aposentadoria.
  • A reforma de Lula vai estabelecer a idade mínima de aposentadoria de 67 anos para os homens e 65 para mulheres.
  • Vai acabar com a diferenciação de tempo de contribuição entre homens e mulheres e com os tempos especiais dos professores.
  • Vai extinguir a aposentadoria especial dos trabalhadores rurais.
  • Vai diminuir as pensões.
  • Vai aumentar para 70 anos a idade para o pagamento do benefício assistencial das pessoas com necessidades especiais.

    Por que dizer “não”…

    Por que a Vale não deve ficar nas mãos do capital privado
    A Vale do Rio Doce, a segunda maior empresa brasileira, foi privatizada há dez anos, durante o governo FHC (PSDB) sob uma chuva de irregularidades jurídicas na transação, que beneficiaram os empresários que a compraram. Houve uma desvalorização do preço da companhia, vendida por R$ 3,3 bilhões, enquanto sua avaliação foi de R$ 92,64 bilhões. Na verdade a privatização foi uma “doação” da empresa para o capital privado, pois o lucro dela em três meses foi superior ao preço da sua “venda”.

    O lucro da Vale, só durante o governo Lula, foi de R$ 45,7 bilhões (já inclusos os R$ 10,9 bi desse primeiro semestre). Até o final do governo Lula, a Vale poderá ultrapassar os R$ 80 bilhões de lucro. Dinheiro que seria suficiente para realizar a reforma agrária no país, assentando 4,5 milhões de famílias sem-terras. Segundo cálculos da Auditoria Cidadã, o custo deste projeto tão importante para o país ficaria em R$ 78,5 bilhões (R$ 17, 5 mil por família).

    A Vale é um patrimônio do povo brasileiro e não pode continuar nas mãos do capital privado. É preciso anular a sua privatização. Pesquisa recente revelou que mais de 50% dos brasileiros são favoráveis à retomada da empresa privatizada, com apenas 28% contrários à medida.

    Por que dizer não ao pagamento das dívidas
    O Brasil vem sofrendo um roubo sem precedentes na nossa história. Em 2006, o governo Lula pagou R$ 275 bilhões em juros para banqueiros e grandes empresários nacionais e internacionais. Valor muito superior aos R$ 91 bilhões gastos com a área social (educação, saúde, saneamento, moradia, reforma agrária etc). Mesmo assim as dívidas não pararam de crescer. Nos seis primeiros meses de 2007, a dívida interna já cresceu R$ 182 bilhões, e hoje seu valor ultrapassa os R$ 1,2 trilhões.

    Para pagar a dívida são retirados os recursos dos serviços públicos e sociais. O governo destina apenas 2,8% para a educação e cultura e 6% para saúde e saneamento, enquanto cerca de 40% do Orçamento do país é reservado ao pagamento de juros e amortização da dívida pública.

    É preciso exigir que as verbas públicas sejam voltadas para a educação, saúde, moradia, reforma agrária e geração de empregos.

    Por que dizer não à exploração da energia pelo capital privado
    A privatização do setor elétrico no país, seguida de racionamento, revisão tarifária e aumento de encargos, elevou preço do serviço para a população. Hoje os brasileiros pagam R$ 15 bilhões a mais, por ano, com tarifas de energia.

    Entretanto, o Brasil tem um dos custos de produção de energia mais baixos do mundo, pois a principal fonte para geração de energia elétrica é a água (hidroeletricidade). O custo de produção de um kilowatt de energia através dessa fonte é em torno de R$ 0,06 (seis centavos). Ou seja, se gastarmos 200 kilowatts por mês o custo é de R$ 12,00 (doze reais). Então, por que pagamos, em média, mais de R$ 0,30 (trinta centavos) o kilowatt no Brasil? Por que em estados como Minas Gerais e Goiás, as famílias pagam até R$ 0,60 (sessenta centavos) o kilowatt? Nestes casos, uma família que consome 200 kilowatts de energia por mês, vai ter que pagar uma conta de R$ 120,00, ou seja,10 vezes mais que o custo!

    O preço da tarifa é roubo porque o setor industrial paga até oito vezes menos do que a população. Apesar de ser quem mais gasta luz no Brasil. Quase a metade de toda a energia produzida é utilizada pela indústria e cerca de 550 grandes consumidores gastam praticamente 20% da energia elétrica produzida no país. É o pobre pagando a luz para o rico.
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