Redação

A ameaça de um novo massacre de camponeses paira sobre o estado de Rondônia. O alvo seria sem-terras do acampamento Tiago dos Santos, em Nova Mutum, distrito de Porto Velho. A região é palco de conflitos agrários por uma área de terra ocupada por membros da Liga dos Camponeses Pobres (LCP). O Acampamento Tiago dos Santos está localizado nas fazendas NorBrasil e Arco-Iris, e faz parte de um grande latifúndio de mais de 57 mil hectares, cujo suposto proprietário seria Antônio Martins, mais conhecido como “Galo Velho”. São 600 famílias que desde 22 de junho ocupam a área para pressionar o INCRA a resolver a situação do imóvel.

Galo Velho tem um histórico de grilagem de terras em Rondônia, constando inclusive na CPI da Grilagem como grileiro de um lote localizado em Porto Velho de 83 mil hectares. Em maio de 2020, Galo Velho foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga grilagem de terras. A Operação Amicus Regem investiga empresários, advogados, juízes, servidores públicos e empresas que formaram uma quadrilha e conseguiram lucrar mais de R$ 330 milhões por meio grilagem de terras e fraudes (lei mais).

A tensão se agravou quando, no dia 3 de outubro, o tenente da Reserva José Figueiredo Sobrinho, foi assassinado em um pesqueiro na região. No mesmo dia, também morreu o sargento da PM Marcos Rodrigues da Silva. A versão oficial é que ele foi morto durante uma operação de busca pelo corpo do tenente. Não demorou muito para que o governo do Coronel Marcos Rocha (PSL) começasse a atribuir os crimes aos sem-terras do Acampamento Tiago dos Santos. O governador e o comando da PM do estado prometeram “uma resposta enérgica e na hora certa”, sem exatamente explicar o que isso significa.

Bolsonaro publicou um vídeo em sua rede social, no qual os sem terras, portando bandeira da LCP e sob o cerco da polícia, entoavam palavras de ordem e soltavam fogos de artifício. Bolsonaro questiona: “Tenho a minha opinião, qual a sua?”. No vídeo, um policial comenta que ouviu tiros, mas que a vistoria feita por eles não encontrou nenhuma arma de fogo. O vídeo atiçou a corte de gados que seguem o presidente, e desatou uma campanha de fake news.

No dia 7, Flávio Bolsonaro foi a Rondônia e fez uma visita à Universidade Federal (UNIR) que sequer estava na agenda oficial. Mas durante a tarde ele registrou uma fotografia em um restaurante no distrito de Nova Mutum, revelando a verdadeira intenção da viagem.

Há em curso uma campanha de acusação contra os camponeses, que os apresenta com “terroristas”. Desse modo, se prepara um massacre no estado, a exemplo de Corumbiara, realizado em 9 de agosto de 1995. A responsabilidade por um massacre será do governo do Estado e do governo Bolsonaro, aliados do latifúndio e de grileiros assassinos, que incentivam a grilagem e a pistolagem contra os camponeses.

Total e irrestrita solidariedade aos trabalhadores sem terras de Rondônia!

Latifundiários não passarão!

Fora Bolsonaro e Mourão!