Prefeito que mandou moradora morrer expressou preconceito de classe e xenófoboNa semana passada, uma declaração estúpida do prefeito de Manaus constrangeu a população amazonense e a paraense. Amazonino Mendes (PTB-AM) discutiu com a moradora Laudenice Cantalina de Paiva, de 37 anos, desempregada. Quando a moradora diz ao prefeito, “nós estamos morando aqui, prefeito, porque nós não temos condições de ter uma moradia digna”, a resposta do prefeito demonstrou todo o seu ódio de classe: “Então fique aqui e morra”.

Como se já não fosse bastante odiosa sua fala, o prefeito ainda fez questão de piorar, complementando seu preconceito de classe com um preconceito xenófobo. O prefeito pergunta para a moradora: “de onde a senhora é?” ao ouvir a resposta, que a moradora era nascida no estado do Pará, o prefeito termina seu espetáculo de preconceito com uma resposta irônica: “então pronto, ‘tá´ explicado” e dá as costas para a moradora.

Não só demonstrando um preconceito com os paraenses Amazonino Mendes, assim como todos os governantes no Brasil, demonstrou seu ódio de classe contra os pobres. O ódio de classe de Amazonino não é diferente, por exemplo, de Kassab (DEM-SP), que mandou espancar estudantes e trabalhadores que lutavam contra o aumento da passagem em São Paulo. São apenas expressões de um mesmo sentimento dos burgueses contra os trabalhadores e a população pobre. Como expressão da ideologia burguesa e, principalmente, da extrema direita, culpa as migrações de qualquer nível (internacional, nacional ou regional) para justificar o desemprego e a falta de políticas públicas para os setores pobres.

A migração interna no Norte do Brasil
A dinâmica migratória no Brasil é diretamente relacionada ao dinamismo econômico das regiões. Na região Norte, podemos destacar o início desse fluxo migratório com o auge da exploração da borracha na Amazônia na década de 70 do século XIX até 1912, quando a indústria inglesa levou as mudas da seringueira, árvore da qual se extrai o látex, para a Malásia, onde passava a ser mais lucrativo para o imperialismo inglês. A produção na Amazônia, então, entra em colapso, se recuperando, parcialmente com o incentivo da industria norte americana Ford durante a segunda guerra mundial.

Outros dois momentos de forte fluxo migratório, principalmente para Manaus, foi o desenvolvimento da Zona Franca de Manaus, em 1967, e a política de ocupação do governo militar a partir da década de 70 de assentamentos na Amazônia para diminuir a tensão dos conflitos agrários do Sul e Suldeste.

Atualmente o Amazonas atrai grandes investimentos devido à exploração de petróleo e gás natural nas reservas do Urucu, onde recentemente foi descoberto mais poços de gás natural e petróleo. Assim como no Pará o município de Parauapebas é um dos municípios que mais atrai a migração interna devido à exploração do ferro na Serra dos Carajás.

A migração Pará-Amazonas, atinge principalmente setores da população paraense do oeste do Pará, vítimas da grilagem de terra devido o incentivo da plantação da soja. Essa é a condição do Norte do Brasil, altos índices de conflito agrário, enormes riquezas minerais exploradas pela iniciativa privada, a falta de soberania por parte dos governos, e ignorância dos políticos burgueses são características da situação política da região.

Combater a xenofobia em todos os seus níveis
Sempre observamos com horror os casos de xenofobia e as políticas xenófobas dos governos imperialistas, principalmente na Europa. Porém, no Brasil, isso também ocorre em nível regional. No Sul e no Sudeste, esse fenômeno é mais visível. O preconceito contra nortistas e nordestinos é expresso em grupos de orientação neonazista e em comunidades de redes sociais que espalham o ódio como “Eu odeio nordestinos”.

Esse tipo de postura, longe de ser uma brincadeira, deve ser combatido e repudiado por todas as organizações da classe trabalhadora e da juventude. Esse aspecto xenófobo é apenas uma expressão do ódio que a burguesia sente pelos trabalhadores e, através dessa ideologia, divide a classe. A tarefa dos revolucionários é combater esse preconceito xenófobo e buscar desenvolver a mais intensa unidade e solidariedade entre a classe trabalhadora, independentemente de gênero, etnia, cor, região, nacionalidade e orientação sexual.

Além disso, é preciso expressar nosso repúdio à xenofobia e a qualquer forma de discriminação. Estamos certos de que chegará o momento em que os trabalhadores despejarão todo o seu ódio de classe contra seus verdadeiros inimigos: o imperialismo e a burguesia.