Estudantes caminharam pelo campus cantando palavras de ordem contra a reitoria
Júlia Chequer

Caminhada no campus da PUC reuniu por volta de 500 estudantes que ocupam a reitoria desde o dia 5 de novembro, em protesto aos planos da administração da universidadeCerca de 500 estudantes realizaram um ato na noite desta quinta-feira, 8, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O protesto foi contra o Redesenho Institucional, projeto que impõe a flexibilização da gestão universitária. Pelo mesmo motivo, a reitoria da universidade está ocupada desde a última segunda-feira, dia 5.

Segundo Bruno Machion, estudante de Serviço Social e militante do PSTU, o projeto terá como conseqüência “destruição dos cursos, demissão de funcionários e professores e o corte de bolsas”, entre outras coisas. Ele comparou o Redesenho Institucional ao Reuni, projeto do governo Lula para as universidades públicas.

Um dos principais pontos levantados pelos estudantes é a forma antidemocrática como está se dando a implementação do Redesenho. A reitoria marcou para o dia 12 de dezembro – quando os alunos já estarão em férias – a reunião para decidir se adere ou não ao projeto.

A reitoria conseguiu na Justiça a reintegração de posse do prédio ocupado, mas a liminar ainda não foi executada. Entretanto, longe de intimidar os estudantes, a ação repressiva deu mais força ao movimento, que segue firme e ganha adesão e simpatia cada vez maiores. A direção da universidade continua intransigente e recusa-se a negociar.

“Esta ocupação é o grande instrumento que estamos construindo para trazer de volta o diálogo, para que o conjunto da comunidade universitária possa debater e derrotar a reitoria”, disse Bruno. “Estudantes, professores e funcionários unidos podem construir a universidade que queremos”, concluiu.

Estiveram presentes alunos da Fundação Santo André, em greve há quase dois meses, e da USP, que teve a reitoria ocupada em maio contra os decretos do governador José Serra (PSDB). Os ativistas mandaram um recado à reitora Maura Pardini Bicudo Véras: “Ô Mara, pode esperar, com o redesenho a PUC vai parar”.

Os estudantes fizeram uma caminhada pelo campus cantando palavras-de-ordem como “Eu ocupei a reitoria / educação não é mercadoria” e “Doutor, eu não me engano, o meu dinheiro vai pro Vaticano”, em referência aos padres que são os donos da universidade. Após o ato, dirigiram-se à reitoria ocupada, onde realizaram uma assembléia para definir os próximos passos do movimento.