Estudantes devem continuar mobilizados para retomar o caráter de qualidade da faculdade que está dando lugar apenas ao lucro imediatoFaltando menos de duas semanas para o término das aulas, os estudantes foram informados do aumento de mensalidades: 9,6% para todos os cursos. E sem nenhuma negociação.

A imposição da Fundação Cásper Líbero, mantenedora da faculdade, causou revolta. Pela primeira vez em pelo menos quatro anos, a revolta foi canalizada em grandes assembléias que pautaram o aumento e os problemas da Cásper.

O ano de 2008 foi marcante para os alunos da Cásper Líbero. Os estudantes se mobilizaram massivamente para reivindicar melhorias já no começo do ano. Em maio, um boicote geral fez o restaurante fechar para dar lugar a novas lanchonetes – uma reivindicação de muitos anos. Agora, faltando menos de cinco dias para o término das aulas, grandes assembléias (mais de cem pessoas por período numa faculdade de dois mil alunos) debatem as mensalidades que chegam a R$940 pra Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas e a R$1.200 para o curso de Rádio e Televisão.

Não se pode omitir o fato de que a Lei de Estágio de Lula vai diminuir ainda mais os salários de quem é estagiário. Lula utiliza o argumento de melhorar as condições de trabalho, diminuindo a jornada de oito para seis horas, mas quem precisa do emprego para pagar a faculdade terá de arrumar essa diferença salarial de algum lugar. É preciso garantir a diminuição da jornada com a manutenção do salário.

A democracia sumiu
Foi, na história recente, a primeira vez que a Fundação não quis negociar os aumentos com a representação discente. Essa postura é fruto do balanço da última gestão do Centro Acadêmico, que se retirou de forma equivocada das negociações. Agora, a mantenedora usa esse argumento para retirar um espaço democrático.

Mas os estudantes não se deixaram enganar. Mesmo com o reajuste estando no mesmo patamar da inflação de 2008 (9,53% até outubro), debateram que a crise econômica não é culpa dos estudantes – composto na maior parte por estagiários – e a educação não deve estar atrelada ao mercado dessa maneira. Além disso, os alunos entenderam que houve um lucro muito grande por parte da Fundação, já que, além dos horários de TV vendidos para a Igreja e empresas, uma firma foi aberta no lugar de uma antiga lanchonete dos estudantes. Além disso, nos últimos anos houve aumento de mensalidade acima da inflação.

Por isso a reivindicação de reajuste para os cursos é de 0%. Além disso, os alunos exigem negociar com a Fundação e uma auditoria pública nas contas obscuras dessa empresa de educação.

Os estudantes já conseguiram uma grande vitória para o movimento, utilizando uma ferramenta de enorme importância, as assembléias. Mesmo que não revertam o reajuste de quase 10% ainda nesse ano, devem continuar mobilizados.

No dia do vestibular, 14 de dezembro, haverá uma manifestação, às 12h30, na Unisantana, local das provas. É importante buscar, também, unir outras faculdades que estão em luta pela redução de mensalidade, a exemplo da Universidade Braz Cubas, Escola de Sociologia e Política e Fundação Santo André.

Daniel é estudante de jornalismo da Cásper Líbero