“A gente se entende não é de agora. Gosto de repetir que, se não fosse o Aldo Rebelo, ainda não teríamos transgênicos funcionando no Brasil”. A frase é da senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação nacional da Agricultura e a maior expoente do ruralismo brasileiro.

E os ruralistas têm muito a agradecer ao deputado do PCdoB. Aldo Rebelo se tornou um verdadeiro camarada do agronegócio. Na semana passada, o deputado governista apresentou seu relatório na Comissão Especial criada pela Câmara dos Deputados para debater as propostas de alteração do Código Florestal.

Em meio a risadinhas hipócritas e um discurso supostamente nacionalista, o deputado propõe a anistia de quem cometeu crime ambiental. Qualquer desmatamento feito até 22 de julho de 2008 estaria automaticamente perdoado.

Como se não bastasse, o deputado propõe a diminuição da chamada da Reserva Legal, área de propriedades rurais que devem ser destinada à preservação da mata nativa.

Aldo simplesmente defende o fim da Reserva Legal para qualquer propriedade localizada na Amazônia com até 600 hectares. No entanto, muitos ambientalistas alertam que qualquer fazendeiro com mais de 600 hectares de terra na Amazônia poderá fracionar sua propriedade para escapar da legislação.

Já nas outras regiões do país, a proposta é que fazendas com tamanho de até 4 módulos rurais também estejam dispensadas de ter a Reserva Legal. Embora o projeto de Aldo mantivesse a obrigação nos percentuais atuais – 80% para a Amazônia, 35% para o Cerrado e 20% nos demais biomas – , o projeto poderá abrir uma brecha para que estados e municípios reduziam esses números pela metade para as propriedades maiores. Por fim, o deputado abre brechas para que as vegetações de encostas sejam derrubadas, além de propor o fim do capitulo que trata de incêndios florestais e rurais.

O deputado sequer faz questão de manter algum cuidado para esconder sua relação com os ruralistas. Uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo mostra que o relatório de Aldo Rebelo foi elaborado com a participação de uma consultora jurídica do agronegócio. Segundo o jornal, a advogada Samanta Piñeda recebeu R$ 10 mil pela consultoria, pagos com dinheiro da verba indenizatória de Rebelo e do presidente da comissão especial, Moacir Micheletto (PMDB-PR). Samanta Piñeda é consultora jurídica da frente parlamentar da agropecuária.

Os ruralistas são gratos a Aldo Rebelo. Toda sua generosidade poderá ser vista após as eleições outubro, numa consulta no site do TRE onde se poderá ver quem financiou a campanha do deputado do PCdoB.