Policial reprime população durante greve
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A atitude do governo Alckmin de tentar colocar a culpa da greve nos trabalhadores e deixá-los contra a população, vastamente divulgado e apoiado pela imprensa, é típica de um governo burguês que detém os grandes meios de comunicação. Tenta esconder a sua incapacidade em negociar com os trabalhadores e o fato de que, 20 anos depois de ter chegado ao governo de São Paulo, o PSDB não conseguiu resolver os problemas de transporte e trânsito da cidade.

O metrô de São Paulo está claramente sobrecarregado, o preço da passagem é um dos mais caros do mundo, as linhas estão sendo privatizadas (o que vai aumentar os acidentes) e os investimentos são insuficientes. Com isso a população vive no “sufoco” no transporte e no trânsito. A greve serviu também para denuncia essa crise do transporte na cidade.

Mais uma demonstração de vitória
Há um debate sobre quem teria saído vitorioso neste confronto entre o governo do estado e os trabalhadores metroferroviários em São Paulo. O acordo entra a Companhia do Metropolitano de São Paulo e o sindicato estabelece reajuste salarial de 6,17%; reajuste no vale-refeição que passa de R$ 19,50 para R$ 23; aumenta o vale-alimentação de R$ 150 para R$ 218, além do pagamento do adicional de periculosidade de 15% sobre o salário (era de 10%).

Mas há um elemento emblemático. É que o Metrô e o governo do estado foram obrigados a pagar todas as horas paradas pelos trabalhadores durante a paralisação. Se a responsabilidade da greve era dos trabalhadores por que o governo Alckmin está sendo obrigado a pagar as horas paradas? Ele paga porque foi derrotado e, para poder finalizar a greve, teve que fazer mais esta concessão.

Governo do PSDB atirou até em quem reclamou
Com a greve dos metroviários e da CPTM ( Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) , São Paulo teve uma manhã de caos no dia 23 de maio. Passageiros revoltados protestaram diante de estações do metrô contra a atitude do governo do PSDB. Os gritos dos manifestantes podiam ser ouvidos pela televisão: “o povo na rua, Geraldo a culpa é sua”. Isso gerou enfrentamentos entre os manifestantes e a Policia Militar, que usou bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar os manifestantes.

O exemplo mais significativo dessa criminalização dos setores mais explorados da sociedade está na prisão por “desacato à autoridade” da copeira Rachel Cristina da Silva Santos, que chamou um policial de “covarde”, e do lavador de carros Francisco Wenderson Sousa. À imprensa, Rachel afirmou: “Só chamei de covarde porque um policial numa moto quase me atropelou durante a confusão. Aí ele parou e me deteve. Estava querendo ir trabalhar. Não sou manifestante coisa nenhuma. Fui tratada pior que um animal”.

Agora, imaginem a situação: os trabalhadores chegam ao metrô pela manhã, este está em greve, saem então às ruas para se manifestar protestando contra o governo estadual, que não negocia com os grevistas e nem coloca um sistema de transporte alternativo. E daí, por simplesmente reclamarem desta situação, são violentamente atacados pela Polícia Militar com bombas de gás e balas de borracha.

Na São Paulo de Alckmin, Serra e Kassab, se você reclamar leva bala de borracha. Desgraçada situação da população paulistana.

Exigir 100% de circulação vai contra direito de greve
O Poder Judiciário, apoiado pelo governo do estado e toda a grande imprensa, através do Tribunal Regional do Trabalho, afirma que defende o direito de greve. No entanto, decretou que 100% dos trens do Metrô e da CPTM deveriam circular nos horários de pico e 85% nos demais horários. Ameaçaram ainda os trabalhadores e seu sindicato com uma multa de 100 mil reais por dia caso se descumprisse esta decisão.

Como é possível realizar uma greve e trabalhar com 100% do efetivo? Nem o governo do estado garante 100% de circulação nos dias normais. Isso é um ato antissindical realizado pelo próprio Poder Judiciário contra o direito de greve. Os trabalhadores e o movimento sindical devem denunciar esta decisão no marco da criminalização dos movimentos sociais e dos ataques que recentemente estão acontecendo contra os sindicatos.

Alckmin, Serra e Kassab atacam o PSTU
No desespero para atacar os trabalhadores grevistas, o governador Geraldo Alckmin chamou os grevistas de “grupelho radical com interesses eleitorais” e disse que problemas recentes no sistema foram causados por sabotagem. Para Alckmin, a greve nas linhas do Metrô e da CPTM foi uma ação política, visando prejudicar o governo em ano eleitoral. E afirmou: “O mais grave foi eles descumprirem totalmente a determinação de manter a operação em 100% no horário de pico”.

O candidatíssimo tucano José Serra foi no mesmo caminho e afirmou que o Metrô e CPTM sofrem com sabotagens e que o movimento grevista teve motivação política e eleitoral. O serviçal Kassab se solidarizou com as reclamações feitas por Alckmin sobre o sindicato que organizou o movimento. Além de ridículas manifestações, como da Soninha Francine (PPS), que criticou o protesto que fechou vias próximas à Estação Corinthians-Itaquera do metrô e ação da Polícia Militar afirmando: “Tudo, todos os métodos, errados”.

A verdade é que o truculento governador de São Paulo quer atacar o PSTU, que vem estando à frente dos principais enfrentamentos com o governo no estado. Os militantes do PSTU se enfrentaram com a repressão governamental na USP, no Pinheirinho e agora no metrô de São Paulo. Nossa organização está na linha de frente das recentes mobilizações em defesa dos interesses dos trabalhadores e por isso está sendo obrigada a se enfrentar com a constante repressão do governador do PSDB.

Para justificar seus desmandos, o governador tem a cara-de-pau de afirmar que a série de problemas que as linhas da CPTM e do metrô sofreram nos últimos meses, como a colisão entre dois trens da Linha 3-Vermelha, foi causada por sabotagem, insinuando que as organizações dos trabalhadores estariam por trás disso, tentando novamente criminalizar os movimentos sociais.

A verdade é que a população no estado de São Paulo está se levantando contra os desmandos do governo do PSDB e isso se traduz em centenas de manifestações. E se o governador acha que irá intimidar o PSTU com suas acusações está muito enganado, pois estaremos presentes em todas as manifestações que defendam os interesses dos trabalhadores.

No caso especifico da greve do metrô, a determinação, força e unidade da categoria colocaram o arrogante governo do PSDB de joelhos em 15 horas, obrigando a conceder parcialmente as reivindicações e engolir suas palavras de intransigência e arrogância. Isso para um governo autoritário é um supremo desacato. Ainda mais, se este movimento tem à sua frente militantes e dirigentes do PSTU.