O interesse dos EUA na implementação da Alca é aumentar o espaço de seus produtos e serviços no mercado dos países latino-americanos, ao custo de uma brutal devastação de suas economias.

A economia norte-americana é 23 vezes mais produtiva do que a média das economias latino-americanas. Sua capacidade tecnológica é 110 vezes superior à dos países da América Latina. Não é à toa que o representante dos EUA da USTR, em entrevista ao jornal Financial Times, tenha declarado sobre a Alca: “é um tremendo almoço grátis”. Com a Alca as economias dos países da América Latina serão absorvidas, empresas vão falir e vai aumentar a miséria. O desemprego que a Alca vai gerar vai matar milhares de pessoas tanto como a guerra colonial no Iraque. No Brasil, os índices atuais de cerca de 20% de desemprego nas grandes cidades poderão passar os 50%, acompanhando o que já existe em outros países da América Latina e da África.

A Justiça no Brasil vai perder qualquer controle da economia, na medida em que as questões legais serão julgadas pela Justiça norte-americana, como já ocorre no Nafta (acordo de livre-comércio entre os EUA, o Canadá e o México).

Com a Alca, a crise da saúde e da educação públicas irá piorar, porque tenderão a deixar de existir. Qualquer empresa dos EUA poderá alegar que o investimento estatal em educação e saúde é uma “concorrência desleal”, e exigir investimentos iguais.

Mesmo assim, os governos servis da América Latina continuam negociando a Alca. O governo Lula chegou até a assumir sua co-presidência junto com Bush. Ao longo do ano, Lula tentou fechar o acordo, propondo sua “Alca light ”, defendendo os interesses de alguns latifundiários brasileiros para obter maior acesso ao mercado agrícola norte-americano.

Pressionado por fazendeiros norte-americanos (base eleitoral de Bush), o governo dos EUA está empurrando as negociações para depois das eleições daquele país. No entanto, as diferenças nas negociações são pequenas se comparadas com o grau de acordos. Todos eles têm acordo no fundamental: a entrega da soberania do Brasil.
Post author Jeferson Choma, da redação
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