Em menos de 15 dias, o governo fez um novo acordo com o FMI, lançou um documento, através do Ministério da Fazenda defendendo “reformas nos gastos sociais”, reproduzindo as diretrizes do Banco Mundial e, por fim, fechou um acordo com Bush para viabilizar as negociações da Alca em Miami e implantá-la em 2005.

Nestes dias também foram divulgados os lucros de bancos e grandes empresas. Lucro recorde, ou o maior da história, para a maioria, especialmente para bancos e exportadoras, como a Vale do Rio Doce, que aumentou em 649% seu lucro. Os indicadores de emprego, renda e salários também estão batendo recordes, só que negativos. Os serviços públicos, como educação e saúde, não têm verbas básicas, como contas de luz.

Enquanto isso, o governo, a burguesia e a mídia, a Globo à frente, exaltam o “bom acordo com o FMI”, que “dará tranqüilidade para o crescimento econômico” e “foi máximo”, por que o Fundo permitiu que o governo use o saldo que ele economizou a mais do que precisava para pagar aos banqueiros em saneamento básico: 2, 8 bilhões de reais.

A manipulação não pára. O acordo da Alca, no qual o governo trocou a Alca Light pela Alca calórica, ou seja, entrou de joelhos e passou a rastejar, é vendido como uma “conquista” e “demonstração de força e soberania” do país.

Já os trabalhadores organizados, funcionários públicos e parte da classe média é satanizada como “privilegiados”. Estes não podem ter reajuste de salários de acordo com a inflação, devem seguir com a alíquota do imposto de renda congelada pagando mais e ganhando menos e ainda não devem poder abater do imposto de renda gastos com saúde e educação. Além disso, devem ser alvo de uma reforma sindical e trabalhista, para dar à cúpula das Centrais poder de “negociação” pelas costas das bases e retirar direitos.

Os 1% de bilionários, as multinacionais, bancos, latifúndios e grandes empresas, pelo contrário, são o “coração do país”. Já os 52 milhões sem nada, devem se contentar com políticas sociais compensatórias.

Ah! E o ministro Berzoini, tão zeloso com os Fundos de Pensão, não pensa duas vezes, quando se trata de cortar aposentadorias de velhinhos para forçá-los a se recadastrar no INSS, a fim de detectar supostas fraudes, ou pagamentos a aposentados que já morreram. Com o assalto dos Fundos de Pensão à Previdência Pública, o ministro não se preocupa, afinal, desses assaltantes ele é coordenador. Com a Alca, a soberania do país irá de vez para o espaço e a situação dos trabalhadores vai piorar muito.

Chega! É hora de mobilização. Todos os sindicatos e entidades combativas devem aprovar moções essa semana repudiando o acordo do governo Lula com os EUA para implantação da Alca, exigir ruptura imediata das negociações e Plebiscito Oficial. Repudiar também o acordo com o FMI.

É necessário retomar a campanha e os comitês contra a Alca e organizar a luta por emprego, salário e terra. Isto, entretanto, exige unidade dos setores combativos, porque as direções governistas – como já se demonstrou nas campanhas salariais –
não estão dispostas a lutar.

Devemos construir uma mobilização de massas contra a Alca e seguir o exemplo dos trabalhadores bolivianos.
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