Neste jogo de forças e interesses, quem fica em último plano é novamente o povo haitiano. A Minustah é uma força militar de segurança e fracassou completamente quando foi necessária uma verdadeira ajuda humanitária. Os governos imperialistas estão mais preocupados em controlar militar e economicamente o Haiti para transformá-lo numa colônia do que com a sobrevivência do povo haitiano. O governo e as instituições haitianas são ausentes e estão mais preocupadas consigo mesmas do que com o seu povo. O presidente do Haiti, Préval, deixou isso claro quando afirmou que a maior prioridade é restabelecer as comunicações, em particular entre os membros do governo, o segundo é a remoção dos destroços para desobstruir as vias e o terceiro é o suprimento de combustíveis para os carros do governo (Folha de S.Paulo, 15/1/2010).

Além disso, seja sob as mãos dos governos imperialistas ou dos governantes haitianos, tal como aconteceu em catástrofes naturais anteriores, o mais provável é que boa parte da ajuda humanitária fique perdida no meio da corrupção e seja utilizada para garantir o bem-estar dos mais ricos e não a vida dos mais pobres.

Para sair definitivamente desta situação de tragédia humana e social, os trabalhadores só poderão contar consigo mesmos, tomando o seu destino em suas próprias mãos. Alguns relatos que nos chegam através da imprensa internacional mostram que já há indícios dessa consciência, como os campos de refugiados auto-organizados ou uma operação de resgate na universidade GOC (Group Olivier Collaborateur) feita pelos próprios estudantes e seus familiares.

É por tudo isso que achamos que a única solução é o próprio povo haitiano controlar a ajuda humanitária que chegue. Caso contrário, toda a comoção dos povos do mundo inteiro e os seus esforços para ajudar os haitianos ficarão em boa parte perdidos ou serão utilizados de forma indevida.

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