Segundo as pesquisas, se as eleições fossem hoje, 15,38% das capitais seriam governadas por mulheres, ao invés dos 7,69% da última eleição. Isso representaria um crescimento de 100% em relação a 2004. Em Porto Alegre, por exemplo, há quatro candidatas concorrendo à prefeitura: Maria do Rosário (PT), Manuela D’Ávila (PCdoB), Luciana Genro (PSOL) e Vera Guasso (PSTU). Em São Paulo, a petista Marta Suplicy lidera todas as pesquisas.

Os números do TSE revelam, porém, que a participação das mulheres nas eleições municipais continua baixa. São 1.590 mulheres candidatas a prefeituras contra 13.699 homens.

O crescimento das mulheres nos cargos institucionais é estimulado pela campanha “Mais Mulheres no Poder”, realizada pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher com o apoio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.

Mas o que significa maior participação de mulheres nas prefeituras? Por que, nestas eleições, há tantas candidatas com chances reais de se elegerem? Votar simplesmente em candidatas mulheres, independentemente de sua classe social e dos partidos a que pertencem, significa que sua vida vai melhorar?

Mulheres trabalhadoras e mulheres burguesas
Afirmamos sem nenhuma dúvida: a situação das mulheres trabalhadoras e pobres não vai melhorar. A eleição de um maior número de mulheres não acabará com o machismo como dizem a grande imprensa, os grandes partidos e a campanha “Mais Mulheres no Poder”, apoiada pelo governo federal.

A sociedade capitalista é dividida em classes sociais e o machismo é um componente fundamental para a manutenção da exploração. É através da opressão das mulheres que o capitalismo consegue impor salários baixos e o trabalho doméstico para as mulheres trabalhadoras como forma de sustentação de uma família explorada.

Isso significa que há uma enorme diferença entre as mulheres trabalhadoras e a maioria das candidatas dos grandes partidos eleitorais, sejam da oposição burguesa (DEM/PSDB), sejam do PT e do PCdoB.

O fato de ser mulher não faz com que Marta Suplicy, por exemplo, seja igual às mulheres trabalhadoras. Ou mesmo Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, cotada como candidata à Presidência em 2010.

Sob o capitalismo, as mulheres são submetidas a baixos salários, trabalhos precarizados, muitas vezes acompanhados da mais completa falta de direitos, além da segunda jornada que são obrigadas a fazer em suas casas.

Um aspecto dramático dessa diferença de classe se dá, por exemplo, na questão do aborto. A proibição do aborto não impede que mais de um milhão de mulheres abortem clandestinamente a cada ano no Brasil. Dessas, cerca de 200 mil morrem ou ficam com seqüelas. Mas uma mulher rica dispõe de clínicas confortáveis e pode viajar ao exterior para fazer um aborto. Já a mulher pobre e trabalhadora se arrisca à mutilação ou à morte.

É obvio que Marta e Dilma não enfrentam essa realidade. Certamente, enfrentam o preconceito e o machismo, mas não precisam lavar roupa ou cozinhar. Elas pagam empregadas para isso, explorando outras mulheres. Além disso, elas e outras candidatas do PT defendem e implementam o programa econômico neoliberal do governo Lula, das reformas que acabam com os direitos das mulheres trabalhadoras. Dessa forma, Marta e Dilma contribuem para a exploração de outras mulheres e para a manutenção do capitalismo.

A experiência internacional também mostra que muitas mulheres da burguesia chegam ao poder para manter a exploração de outras mulheres. Foi o caso da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, a “Dama de Ferro”, que derrotou a greve dos mineiros em 1985 e inaugurou o neoliberalismo em seu país.

Ou de Condoleezza Rice, mulher e negra que coordena a política assassina de Bush no Iraque e no Afeganistão. Rice é responsável pela morte e pelo estupro de milhares de mulheres por soldados norte-americanos nesses países.

Como acabar com o machismo?
Não há outro caminho para acabar com a opressão vivida pelas mulheres, sem acabar com o capitalismo. Por isso, a estratégia dos revolucionários na luta contra a opressão deve ser a luta das mulheres trabalhadoras contra a opressão e a exploração capitalista.

O fim da exploração significará a adoção de medidas para pôr fim à escravidão do trabalho doméstico, como a criação de creches e lavanderias públicas. Significa o fim da brutal diferença de salários entre mulheres e homens.

Para lutar contra a opressão é fundamental um combate realizado por homens e mulheres da classe trabalhadora, que devem lutar contra o próprio sistema capitalista. Para isso, é preciso marchar com a mais completa independência em relação aos poderosos, repudiando qualquer acordo que comprometa a libertação das mulheres.
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