Os atos de 1º de maio deste ano refletem que algo de novo está surgindo e que o segundo mandato de Lula não será como o primeiro.

Nada de novo nos atos da CUT e da Força Sindical, ambos governistas e patronais. O mesmo estilo de atos “chapa-branca”, financiados com verbas do governo e de grandes empresas. O público é chamado para shows musicais, sem nenhum conteúdo de luta.

No entanto, os atos convocados pela Conlutas e demais entidades participantes do Fórum de Mobilização (construído no Encontro do dia 25 de março) foram os mais fortes em muitos anos. Em praticamente todas as capitais do país, os ativistas que queriam participar de uma mobilização real, classista e de luta tiveram uma alternativa.

Estiveram presentes a Conlutas, a Intersindical, setores das pastorais da igreja. Em várias capitais, reforçaram os atos correntes e movimentos que antes faziam parte do bloco de apoio governista. Em Minas Gerais, o MST esteve presente com um orador no ato e sua base fortalecendo a unidade. Estiveram presentes também em São Paulo, embora não tenham trazido sua base. A Corrente Sindical Classista (do PCdoB) enviou representantes no ato de São Paulo, mas também não trouxe sua base.

Os atos confirmam a vitória do Encontro Nacional
Os atos foram a confirmação de que o plano de lutas definido no Encontro do dia 25 de março está sendo aplicado e se tornando uma referência para outros setores do movimento. A presença de partes destes setores governistas nos atos não se dá por acaso. Existe uma crise na base dessas correntes, pelo repúdio que a política aplicada pelo governo está provocando. Por isso, existe uma pressão pela unidade com a Conlutas e o plano votado no Encontro do dia 25 de março.

Preparar o 23 de maio
O balanço dos avanços do 1° de Maio deve ser então considerado um passo adiante num plano de lutas definido. Agora, estamos diante de um outro passo, a preparação de um dia nacional de mobilização, a de 23 de maio.

Foi assinado um manifesto pela Conlutas, MST, Intersindical, CSC convocando este dia como uma mobilização contra as reformas preparadas pelo governo, como a da Previdência. A pressão de base é tão forte, que a CUT também assinou a nota.

É evidente que uma parte importante desses setores se incorpora a essas mobilizações para não serem ultrapassados por elas, com o objetivo de poder conter o movimento mais tarde. No entanto, o fato é que, ao fazê-lo, ampliam a crise contra o governo em suas bases.

Agora, com a convocação unitária da jornada do dia 23, é possível que tenhamos um dia nacional de lutas que pode mover setores importantes dos trabalhadores. Nesse dia poderemos ter uma mobilização nacional do funcionalismo público federal. Os professores estaduais já estão chamando a mobilização. Vamos ter também uma série de mobilizações populares de sem terras e sem teto em todo o país. Os estudantes poderão também incorporar setores importantes à luta contra a reforma universitária.

Como participar?
Agora, vamos construir a mobilização nacional de 23 de maio com dois eixos centrais. O primeiro é o de buscar mover setores importantes de massas em todo o país, em diversas categorias. O que sua categoria pode fazer no dia 23 para protestar? Pode fazer um dia, ou uma ou duas horas de paralisação, combinando com sua campanha salarial? Pode realizar assembléias nas portas de algumas empresas para explicar a luta contra as reformas para a base? Podem todos se vestir de vermelho no dia 23 para demonstrar seu repúdio às reformas? Podem participar de um ato unitário de luta?

Para responder à necessidade de preparação e organização concreta para o dia 23, já que a mobilização será diferenciada de categoria para categoria, é necessário preparar assembléias de base, reuniões amplas de ativistas dos sindicatos e da Conlutas.

Um dia de luta contra o governo e suas reformas
O segundo eixo é preparar o dia 23 como um dia de luta contra o governo. A incorporação desses setores governistas na mobilização é uma vitória nossa, de todos aqueles que têm claro a estratégia de luta contra este governo e que impulsionaram o Encontro do dia 25. Mas é também um risco, porque estes setores (MST, CUT e CSC) não romperam com o governo e tentam evitar que o movimento enfrente Lula diretamente. Na preparação da nota conjunta que convocava a mobilização, houve uma pressão para que se retirasse qualquer crítica direta ao governo Lula no texto. A crítica explícita ao governo federal só foi mantida porque a Conlutas foi inflexível neste terreno, deixando claro que ou se incorporava esta crítica ou não haveria unidade.

O PCdoB, com a metodologia equivocada que lhe é peculiar, está divulgando em seu Portal que, na preparação do dia 23 de maio, houve “um acordo informal de não atacar a imagem pessoal de Lula”.

Esse acordo não existiu. Mais precisamente, o acordo para a luta conjunta no dia 23 só existiu porque esse tipo de acordo foi repudiado. O manifesto conjunto, assinado inclusive por entidades dirigidas pelo PCdoB (como a CSC e UNE), fala explicitamente contra o “governo federal”.

Mas fica claro que, se depender do PCdoB e de alguns desses setores, no dia 23 de maio se criticará o imperialismo, a burguesia, mas nada se falará de quem vai encaminhar a reforma da Previdência, o governo Lula.

Por esse motivo, a Conlutas já decidiu preparar o dia 23 de maio como um dia de luta contra o governo e suas reformas. O PSTU se incorpora a esta mobilização e, desde já, chama o MST, a CSC e a própria CUT a romperem com o governo, que é a única forma de avançar com clareza em nossas lutas.
Post author Editorial do Opinião Socialista nº 297
Publication Date