Existe uma situação dramática no país. Os trabalhadores e os jovens recebem as notícias de corrupção no governo Lula com uma mistura de indignação e frustração. A enorme esperança depositada no PT agora se transforma em bronca por ver um governo corrupto igual ao do PSDB e PFL.

O drama, entretanto, é que, até agora, a indignação não se transforma em luta, mas em desmoralização. Se já existia uma enorme desconfiança quanto aos “políticos”, a confirmação pública do “mensalão”, das maracutaias nas estatais generalizou a percepção de que todo mundo está metido no mar de lama. Também que não adianta fazer nada, porque “eles” sempre vão roubar.

Existe um abismo no país, entre a indignação generalizada e os poucos atos regionais que existiram. Todos eles de ultravanguarda.
Enquanto isso, assistimos os exemplos vindos da Bolívia e do Equador, em que governos foram derrubados por grandes lutas de massas, ou mesmo recordamos os exemplos brasileiros, como o Fora Collor (e também o movimento Fora FHC e FMI, abortado pela CUT e pelo PT).

Os trabalhadores e jovens não vêem alternativas e, por isso, até agora, não se moveram. A desconfiança que existe não é só quanto ao PT, mas também se estende à oposição burguesa e a todo o regime.

O PT é isso que está aí e a oposição burguesa é farinha do mesmo saco. Contribui imensamente para essa paralisia o papel das direções da CUT, UNE, MST e do PT, que se opõem a qualquer luta contra o governo. Não existe uma organização de massas – sindical ou política – já construída que, com uma postura de esquerda, se enfrente com o governo.

A CUT, UNE e o MST agora estão lançando uma campanha “contra o golpismo e a corrupção”, falando “contra a corrupção” só como disfarce, porque não é possível fazer isso sem lutar contra este governo corrupto.

Tanto o PT como a oposição burguesa – comandada por FHC, Serra, Alckmin e Garotinho –, não querem que as massas se movam. Ambos os setores apostam nas eleições de 2006. E podem ser vitoriosos, caso não se consiga romper a barreira do imobilismo até agora vitorioso.

Por esse motivo, o PSTU dirige-se a todos os setores de esquerda, para construirmos uma mobilização unificada contra a corrupção, a partir de uma ótica de classe, que incorpore as bandeiras de prisão e confisco dos bens dos corruptos e corruptores, além das reivindicações de salário, trabalho e terra, e a luta contra as reformas Sindical e Universitária.

O chamado feito pela Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) para uma marcha a Brasília no dia 17 de agosto tem esse objetivo.
Acreditamos que essa é a perspectiva a ser construída no movimento de massas: pequenas ações de vanguarda agora, e a preparação da marcha para agosto. É preciso construir um pólo, uma referência nacional de lutas, um movimento classista contra a corrupção.

Chamamos as entidades do funcionalismo público, que dirigem um setor que já fez experiência com o governo Lula, a encamparem a preparação da marcha do dia 17 de agosto.

Chamamos o P-SOL a formar conosco esse movimento classista contra a corrupção nacionalmente. Sabemos as diferenças que temos em muitos terrenos. Mas este é um momento em que devemos privilegiar a unidade ao redor desse movimento.
Chamamos a esquerda da CUT e do PT a virem junto conosco preparar a marcha à Brasília e que reflitam sobre a ruptura com a CUT e o PT. Não é possível que sigam emprestando seus nomes a um partido dirigido por corruptos a serviço do FMI.

Chamamos também a direção do MST para que rompa com este governo corrupto monopolizado pelos defensores do agronegócio. O prestígio que o MST tem no movimento de massas está sendo desgastado em manobras pró-governo, como a tentativa de sua direção em convencer os parlamentares eleitos pelo MST a retirar suas assinaturas do requerimento de criação da CPI.
Basta! Vamos às ruas!
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