Seis jovens da República do Guiné, que viajavam clandestinamente no porão de um navio, foram espancados e jogados no mar, há oito quilômetros do Recife (PE), no dia 12 de novembro de 2003. Outros dois pularam do barco e Alain Douuge e Traore Bangali, da Costa do Marfim, ficaram escondidos até chegar à costa.

Soumah Karamoko, Mohamed Camara, Mohamed Balde, Mohamed Lumine Sissé, Mamadis Korouma e Aziz Câmara fugiram da Guiné, um dos países mais pobres do continente africano, porque estavam desempregados. Após nadarem por mais de três horas, foram resgatados por pescadores e levados a um Centro de Triagem.

Em dezembro, foram presos pela Polícia Federal. Os dois da Costa do Marfim receberam asilo político, porque o país está em guerra. Os demais foram abrigados pela comunidade do bairro Bongi. Contudo, no início de março, quando perderam o processo de pedido de exílio, a “Justiça” resolveu prendê-los num quartel da PM.

Humilhação no “país da democracia racial”

No dia 21 de março — Dia Internacional de Luta Contra o Racismo —, militantes da Secretaria de Negras e Negros do PSTU foram visitar os presos. Ao contrário do que a imprensa divulga, é uma vergonha o descaso com que vêm sendo tratados. Eles estão jogados numa estrebaria. O calor é insuportável e os seis estão apertados numa cela, doentes e com pouca água potável.

Ao contrário dos segmentos do movimento negro e das ONG’s que acompanham o caso — e dizem que os seis são bem tratados e que não há racismo —, nós do PSTU, afirmamos que o simples fato de estarem presos demonstra o racismo do governo. Por que prendê-los, se o que querem é o visto para trabalhar honestamente?

Queremos ficar!

Recentemente, quando esteve na África, Lula disse que o Brasil tem uma enorme dívida social com o continente africano. Na prática, o governo segue no sentido contrário. O prefeito do Recife, João Paulo (PT), dá as costas ao problema. Alega não poder custear a permanência.

Também é grande a desilusão com os setores que a princípio os apoiaram, como a Prefeitura, o Movimento Negro Unificado (MNU), as ONG’s: “Existem pessoas destas entidades indo pra imprensa dar declarações de que queremos voltar para a África”, afirma Kourouma.

Por sua vez, a comunidade do Bongi assumiu esta luta, organizando campanhas e acompanhando o processo dos africanos, que podem ser repatriados a qualquer momento.

SOLIDARIEDADE

Envie mensagens pela libertação e para que o governo conceda o asilo:

Secretaria Especial para Políticas de Promoção de Igualdade Racial (SEPPIR)
[email protected]

Divisão de Direitos Humanos do Recife
[email protected]

Post author Walter Oliveira e Francisco Ricardo, da Secretaria de Negros e Negras do PSTU/Recife
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