As recentes demissões nas montadoras, como na GM de São José dos Campos, Volks de Taubaté ou Mercedes do ABC, têm obtido repercussão nacional, ao expor o drama de milhares trabalhadores que estão perdendo seus empregos e as condições de garantir o sustento de suas famílias. Diante desta situação, o governo Dilma (PT) não se pronunciou e nem tomou nenhuma medida até agora para defender esses trabalhadores.

Mas, surpreendentemente, nesta terça-feira, dia 19, o governo petista conseguiu se superar. O Planalto anunciou que prepara um novo programa de socorro para os grandes setores industriais do país e para começar anunciou, através da Caixa Econômica Federal, a criação de linhas de crédito, com taxas de juros de “pai para filho”, para micro até grandes empresas.

O primeiro setor a ser presenteado é o automotivo! O que é pior: o dinheiro vai sair de fundos dos trabalhadores, como o FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador e o FGTS (veja abaixo mais detalhes desta ajuda).

O acordo foi fechado com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

A Caixa vai liberar cerca de R$ 5 bilhões somente para o setor automotivo, incluindo dinheiro próprio e recursos dos trabalhadores (FAT e FGTS). Miriam Belchior, presidente da Caixa, afirmou que se trata de uma política que foi discutida com várias áreas do governo e tem como objetivo ajudar as empresas a “respirar” durante este “momento de travessia” pelo qual passa a economia brasileira.

Hoje, o Banco do Brasil anunciou pacote de ajuda semelhante. O banco público prevê liberar também para o setor automotivo até o final deste ano outros R$ 3,1 bilhões.

Para as empresas é ajuda. Para os trabalhadores é demissão e arrocho
As demissões em massa já estão sendo uma dura realidade no país. Só no estado de São Paulo, a indústria já demitiu até julho quase cem mil trabalhadores. A estimativa é que até o final do ano, em todo o país, sejam demitidos 1,5 milhão de pessoas.

Mais uma vez, o governo do PT sai em socorro dos lucros dos grandes empresários e multinacionais, enquanto para os trabalhadores a política é de arrocho, demissões e ataques aos direitos.

Segundo disse a presidente da Caixa, Miriam Belchior, “a meta é contribuir para a melhoria do fluxo de caixa das empresas e fornecedores, auxiliando no pagamento de despesas, salários, tributos e reposição de estoques”!

Supostamente, as taxas mínimas de juros serão aplicadas às empresas que se comprometerem a não demitir durante o prazo do empréstimo. Esse controle deverá ser feito por meio do acompanhamento da folha de pagamento da empresa.

Mas sabemos muito bem como isso acontece.  O que está ocorrendo nas montadoras, como a GM, Volks e Mercedes, é emblemático. Depois de terem se beneficiado por bilhões em isenções e incentivos fiscais nos últimos anos, terem obtido lucros recordes, que foram enviados ao exterior, agora estão demitindo em massa. O discurso era que a redução do IPI, por exemplo, era para garantir empregos. Não garantiu. As demissões continuaram sendo feitas. Nas montadoras, já são mais de 20 mil demissões somente este ano.

É inadmissível que, neste momento em que o desemprego já está penalizando milhares de trabalhadores, a única medida que Dilma tome seja dar mais dinheiro público, inclusive de fundo dos próprios trabalhadores, para garantir os lucros de multinacionais que estão demitindo.

É preciso unificar a luta contra as demissões e por estabilidade no emprego
Diante da crise que chegou com força ao país, o governo Dilma, PT, PMDB, PSDB e o Congresso de picaretas já mostraram que estão aí para aplicar um brutal ajuste fiscal sobre os trabalhadores e a maioria do povo, tudo para garantir os lucros dos banqueiros e empresários.

O caminho é a luta. Os metalúrgicos da GM, há dez dias, realizaram uma forte e corajosa greve, que está colocando em xeque os planos gananciosos da multinacional estadunidense. Os trabalhadores da Volks de Taubaté também entraram em greve contra as demissões. Na Mercedes, a greve também é iminente diante da ameaça da montadora em fazer duas mil demissões.

Portanto, é hora de unificar as lutas em defesa dos empregos e exigir:

– Que o governo Dilma proíba as demissões em massa!

– Readmissão dos demitidos e estabilidade no emprego para todos os trabalhadores!

– Redução da jornada de trabalho, sem redução de salários!

– Proibição de remessa de lucros das multinacionais ao exterior. Ganhos obtidos no país devem ser investidos para gerar empregos no país!

– Estatização das empresas que demitirem em massa!

Saiba mais sobre a ajuda ao setor automotivo:

Serão quatro linhas de crédito. A primeira é uma antecipação de recursos para fornecedores de montadoras, com juro a partir de 1,41% ao mês.

As mesmas empresas contam ainda com dinheiro para despesas do segundo semestre a partir de 0,83% ao mês + TR. Nesse caso, os empréstimos contam com dinheiro da Caixa e do FGO (Fundo de Garantia de Operações).

A Caixa também vai financiar compra de máquinas novas e usadas a 1,5% ao mês com dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

A quarta linha é para renovação de frota (transporte coletivo, máquinas agrícolas e caminhões) com dinheiro do FGTS na linha Pró-Transporte a 9% + TR ao ano.

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