Luizinho (PT-SP), em seu discurso de defesa
Gilberto Nascimento / Ag. Câmara

A absolvição em plenário dos deputados Luizinho (PT-SP) e Roberto Brant (PFL-MG) evidenciou mais do que nunca o acordão entre governo e oposição burguesa para que todos os escândalos que marcaram o último ano terminem em uma ampla impunidade. Nesta quarta, 8 de março, o Plenário da Câmara livrou a cara dos dois parlamentares acusados de envolvimento com o esquema do mensalão, contrariando os pareceres do Conselho de Ética, que recomendavam a cassação de ambos.

Brant confessou ter recebido R$ 102 mil de caixa dois para sua campanha à prefeitura de Belo Horizonte em 2004. Sob o ridículo argumento de que o caso se tratava apenas de crime eleitoral e não de corrupção, os deputados o absolveram. Entretanto, por trás disso, o verdadeiro argumento para a absolvição foi a troca de favores entre governo e oposição, como admitido pelo deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP). “Não chega a ser um acordo, mas espera-se uma reciprocidade“, admitiu.

E funcionou. Os deputados do PFL chegaram a subir à tribuna para defender Luizinho. O parlamentar Mussa Demes (PFL-PI), afirmou com veemência que “o deputado Luizinho é totalmente inocente. Nunca votei no PT, mas faço isso por dever de consciência“. Luizinho teve sua cassação recomendada por ser acusado de receber R$ 20 mil, através de um saque realizado por seu assessor nas contas do publicitário Marcos Valério, para pagar campanhas de vereadores na Grande São Paulo.

O acordão não é ‘inédito´, como publicado até em jornais da grande imprensa. A absolvição de Luizinho e de Brant é apenas parte de um desfecho para um gigantesco esquema acordado entre o governo e a oposição desde o final do ano passado. Quando a pizza começou a assar, já estava claro que o objetivo era salvar a maioria dos acusados, garantindo-lhes um retorno triunfal nas eleições de 2006. Os únicos cassados até agora são os dois principais personagens desse escândalo – Roberto Jefferson (PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP) – e está cada vez mais claro que essa lista pára por aí.

Por outro lado, Luizinho e Brant se somam à lista dos intocáveis, cuja cassação já foi recusada em plenário, com base no acordão: Romeu Queiroz (PTB-MG), Sandro Mabel (PL-GO). Além disso, há ainda aqueles que renunciaram para fugir da provável cassação, como Valdemar Costa Neto (PL-SP), Carlos Rodrigues (PL-RJ), Paulo Rocha (PT-PA) e José Borba (PMDB-PR). Mas a pizzaria ainda não fechou. Ainda há oito deputados aguardando que seus casos sejam avaliados. Os próximos a serem julgados, na semana que vem, são Pedro Henry (MT) e Pedro Corrêa (PE), ambos do PP.

Todavia, para eles não há o que temer. Quando pilantra julga pilantra, quando o objetivo é garantir que tudo fique como está para que os mesmos se mantenham no poder, há sempre uma ‘reciprocidade´. Como diria o colunista José Simão, tucanaram o acordão.