Como parte das deliberações do último Congresso Estudantil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ocorreu nos dias 12 e 13 de setembro, em Porto Alegre (RS), o I Encontro de Mulheres UFRGS, que contou com mais de 200 credenciados e grande comparecimento em todos os espaços. O evento superou expectativas, tanto em número de participantes quanto em nível de debate, demonstrando que a demanda pela discussão sobre o machismo e a conseqüente luta contra essa ideologia é maior do que nunca.

A iniciativa de realizar este evento surgiu pelo entendimento de que é necessário haver um espaço específico de organização das mulheres estudantes, que possibilite a discussão sobre suas necessidades e a luta por suas reivindicações.

Organizado pelo Grupo de Trabalho de mulheres do Diretório Central de Estudantes, o Encontro contou com três painéis: Situação da Mulher na Sociedade Atual, que buscou discutir a opressão e a superexploração da mulher no contexto do Capitalismo; Direitos sexuais, direitos reprodutivos e a questão do aborto, que abordou o direito da mulher sobre sua sexualidade e sobre seu próprio corpo, enfatizando o problema do aborto e a vigência da luta por sua legalização; e Mulher opressão e violência, que discutiu, entre outras coisas, a homofobia, o racismo e a violência contra a mulher.

Acabados os painéis, os participantes se reuniram em Grupos de Discussão temáticos, onde surgiram discussões e trocas de experiências muito ricas sobre as dificuldades atuais das estudantes e trabalhadoras da Universidade, e foram levantadas propostas a serem levadas à plenária final.

Entre as principais resoluções aprovadas, estão a luta pela descriminalização e legalização do aborto, com uma atividade no dia 28 de setembro (Dia Latino-Americano e Caribenho pela Legalização do Aborto) e a reivindicação pela imediata aplicação da licença-maternidade de seis meses, obrigatória para todas as trabalhadoras e sem isenção fiscal para as empresas.

Quanto às reivindicações internas à Universidade, o encontro aprovou a luta por creches para estudantes, garantia de permanência de gestantes na Casa de Estudantes, maior segurança nos campi, entre outras. Para encaminhar tais reivindicações e as demais deliberações do Encontro, bem como promover espaços de formação sobre o tema da opressão, foi aprovada também, a criação de um Coletivo de Mulheres permanente na UFRGS.

O movimento de mulheres da Conlutas teve fundamental participação no encontro, com representantes em todos os painéis, e fez a diferença ao dar um enfoque classista aos temas abordados. Isso contribuiu para a compreensão de que o machismo afeta ainda mais quando aliado a outras formas de opressão e à exploração e, portanto, sua superação passa, necessariamente, pela luta conseqüente contra o sistema.

Após o encerramento do Encontro, apesar do cansaço por dois dias de ricos e intensos debates, o clima era de vitória e animação pelo que foi realizado até então e pela perspectiva de novos caminhos abertos na luta pelo combate ao machismo e às opressões.