Queiroz finalmente apareceu: estava na casa do advogado dos Bolsonaro. A prisão do miliciano Fabrício Queiroz, escondido no sítio do advogado Frederick Wassef, em Atibaia (SP), enterra ainda mais o discurso hipócrita de combate à corrupção deste governo corrupto e reforça sua ligação com as milícias.

Queiroz é suspeito de comandar o esquema das “rachadinhas”, desvio de dinheiro dos salários de funcionários do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, o 01. Esses recursos financiaram negócios imobiliários ilegais tocados pelo Escritório do Crime, a milícia que tinha como principal chefe o ex-PM Adriano da Nóbrega, morto pela polícia da Bahia no início do ano. A mãe e a esposa de Adriano apareciam como funcionárias do gabinete de Flávio. O grupo criminoso é suspeito, além de tudo, de envolvimento na execução da vereadora do PSOL Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Queiroz é investigado pela “rachadinha” no gabinete do filho de Bolsonaro, mas a principal relação do miliciano é com o próprio presidente. Amigo íntimo desde 1984, Fabricio Queiroz sempre foi o principal ajudante, o “faz-tudo” de Jair Bolsonaro. O cheque de Queiroz de R$ 24 mil, endereçado a Michelle Bolsonaro, aparece apenas como a ponta do iceberg sobre o real envolvimento do miliciano.

Jair paz e amor?

A crise desatada pela prisão de Queiroz se somou às outras que já tiravam o sono de Bolsonaro, como o inquérito das fake news, o esquema criminoso de disparo em massa de mentiras e dos atos pró-ditadura, financiados por grandes empresários bolsonaristas. Diante disso, Bolsonaro se vê cada vez mais acuado. Baixou a bola nas sucessivas ameaças de golpe e até mesmo a visita diária à sua meia dúzia de apoiadores que batem ponto no cercadinho do Planalto foi suspensa.

O presidente tenta sanar esses reveses segurando-se cada vez mais no centrão, entregando cargos com orçamentos bilionários, além de sinalizar uma aproximação com o Supremo Tribunal Federal (STF). O conjunto da burguesia, por sua vez, tenta enquadrá-lo para evitar o acirramento da polarização e instabilidade, e para avançar o projeto ultraliberal de Paulo Guedes.

Engana-se, porém, quem acha que ele se convenceu a deixar para trás sua vocação autoritária. Com discurso recuado ou não, esse governo defensor da barbárie é militarizado. O vice Hamilton Mourão é tão defensor da ditadura, do AI-5 e do torturador Brilhante Ustra quanto esta extrema direita delinquente e miliciana. Bolsonaro já mostrou diversas vezes que adoraria partir para cima das liberdades democráticas a fim de impor seu projeto de semiescravidão e ditadura. Basta ter as condições para isso, coisa que a atual correlação de forças entre as classes ainda não permitiu. Pôr para Fora já Bolsonaro e Mourão é uma tarefa central da nossa luta.

 

ENGANAÇÃO
“Direitos Já”: Nome enganoso para uma frente com a burguesia contra os trabalhadores

No último dia 26 de junho um ato online organizado pela frente Direitos Já reuniu nomes como FHC, Luciano Huck, o tucano Tasso Jereissati, além do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), o ex-candidato a presidente Ciro Gomes, até Guilherme Boulos, Marcelo Freixo (ambos do PSOL) e a deputada Fernanda Melchionna, do Movimento de Esquerda Socialista (MES), corrente desse partido.

Longe de ser uma frente única para lutar e pôr um fim no governo genocida de Bolsonaro, prioridade número um neste momento, essa frente é o contrário. Visa reafirmar o status quo, a ordem capitalista, o regime e suas instituições e, junto com isso, os inúmeros ataques à classe trabalhadora, como é o caso das Medidas Provisórias 936 e 927, que suspende contrato de trabalho, reduz salário e permite demissões. Sequer chama o “Fora Bolsonaro”.

Um dos participantes deste ato, por exemplo, foi o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), relator do projeto que privatiza a água e o saneamento, enviado pelo governo Bolsonaro ao Congresso. Teve também o governador Flávio Dino (PCdoB-MA), que entregou a base de Alcântara para os EUA e, para isso, despejou comunidades tradicionais quilombolas da região, e atacou servidores públicos reeditando a reforma da Previdência no estado.

É o mesmo caso de outras frentes, como “Estamos Juntos” e “Somos 70%”, que prometem à burguesia uma unidade nacional em torno à democracia dos ricos, que aplique o projeto que Paulo Guedes impõe hoje, porém com outro discurso.

O papel do MES

Não só o PT e o PSOL participaram deste ato e compõem essas frentes. Setores como o MES, que se coloca à esquerda do PSOL, por meio da deputada Fernanda Melchionna, atual líder da bancada do partido na Câmara, também participam. Infelizmente, esse não foi um raio em céu azul. Melchionna votou a favor do projeto anticrime de Sérgio Moro, que criminaliza e aumenta a repressão contra jovens negros da periferia. Também votou no chamado “Orçamento de Guerra”, que joga a crise nas costas dos trabalhadores e dos mais pobres. É o resultado de uma lógica do “menos pior”, cada vez mais longe de uma perspectiva socialista e cada vez mais próximo da lógica eleitoral, da burguesia e de todos os setores contra os quais lutamos, como acontece agora com essa frente.

 

FORA BOLSONARO E MOURÃO
10 de julho é dia nacional de luta e protestos

Mais de 100 organizações, entre partidos políticos, centrais sindicais, movimentos sociais, ambientais e religiosos, reuniram-se e convocaram para o dia 10 de julho um Dia Nacional de Protesto pelo “Fora Bolsonaro!” e pelo “Impeachment já!”. Trata-se de um passo importante, pois aponta no sentido de massificar a luta pelo “Fora Bolsonaro”, estimulando a participação da população na luta.

O PSTU participa da organização desse protesto e vai estar na linha de frente dessa luta, defendendo a necessidade de colocar para fora Bolsonaro, mas também Mourão e todo o seu governo, pois a cada dia que passa ele só traz mais morte, desemprego, eliminação de direitos, violência e miséria. Tirar todo esse governo é a tarefa mais urgente para evitarmos uma catástrofe ainda maior, salvarmos vidas, preservar empregos e direitos e garantir renda social para todos que dela necessitam.

Participe dessa luta! Venha expressar seu repudio à política genocida de Bolsonaro e exigir o fim imediato desse governo. Veja abaixo como fazer parte.

 

  • Dia 10 – Proteste da forma que puder. O importante é participar!
    Use preto, pelo menos uma peça do seu vestuário ou adereço.
    Pendure um pano preto na janela da sua casa durante todo o dia.
    Organize as pessoas do seu local de trabalho para protestar também (cobre do sindicato a realização de assembleia na entrada do trabalho).
    Organize atividades simbólicas de protesto na sua rua ou na sua comunidade.
    Proteste nas redes sociais pelo “Fora Bolsonaro e Mourão”.
    Às 20h, vamos fazer um panelaço nacional. Vá para a janela, bata panela e grite “Fora Bolsonaro e Mourão” bem forte. Se estiver na rua de carro, buzine!
  • Dias 11 e 12 – Live nacional e manifestações
    No sábado (11), haverá uma grande live durante todo o dia, com pronunciamento das organizações e atividades culturais. No domingo (12), ocorrerão manifestações de rua em todo o país (garantindo-se os cuidados com a saúde).

 

ABSURDO
Bolsonaro quer diminuir auxílio emergencial pela metade

Além de não garantir o auxílio emergencial a todos que precisam, Bolsonaro anunciou sua intenção de reduzir o valor pela metade. O governo divulgou que dará só mais três parcelas do auxílio: de R$ 500, R$ 400 e R$ 300. Isso após ter defendido, no início da pandemia, um auxílio de míseros R$ 200.

O governo não garante as condições mínimas para que a população, sobretudo a mais pobre e precarizada, submetida ao trabalho informal, possa de fato fazer uma quarentena, já que R$ 600 não dá condições de sobreviver a ninguém. Como se isso não bastasse, o auxílio só chega a uma parte de quem precisa, cerca de 60 milhões dos mais de 100 milhões que precisam.

Por outro lado, milhares de empresários e militares estão aproveitando-se para receber de forma irregular o benefício. São mais de 73 mil militares e 235 mil empresários que não são microempreendores individuais (MEI). Embora tenha parte que de fato seja dona de um pequeno negócio, muitos são simplesmente grandes empresários que abocanham esse auxílio.

 

É O BREQUE
Entregadores se levantam contra superexploração

Entregadores de aplicativos de todo o país se preparam para uma paralisação no dia 1º de julho. Eles reivindicam o aumento no valor das corridas e do preço mínimo da entrega, fim dos bloqueios indevidos, seguro contra roubos e acidentes, além de medidas mínimas, como equipamentos de proteção individual.

Os entregadores são uma das categorias mais exploradas, trabalhando até 12 horas diárias, muitas vezes sem comer, expostos à COVID-19 e sem qualquer tipo de vínculo empregatício reconhecido com as grandes empresas. O movimento se expandiu para todo o país e inclusive para outros países da América Latina.