Mobilizações no ABC sofrem forte repressão do prefeito Luiz Marinho do PT

Nós do PSTU ABC saudamos esse momento de lutas e mobilizações protagonizado pelos jovens e trabalhadores brasileiros no último mês. Agora, já é claro que as mobilizações não são apenas por 20 centavos, e sim porque o povo cansou de ver sua vida piorando a cada dia, enquanto o governo do PT propagandeia que nos últimos dez anos o Brasil só melhorou, e o PSDB se limita a alardear que nossa vida deveria ser ainda mais difícil já que, para eles, é sempre necessário cortar mais gastos do governo e dar mais dinheiro para os empresários.

O fato é que nossa vida não melhorou nos últimos anos. A tão falada nova classe média vive para trabalhar, mal paga suas contas, perde muito tempo num transporte público que não funciona e custa caro, não encontra vaga para seus filhos nas creches, percebe que as escolas públicas vão de mal a pior e não tem nenhuma confiança na saúde pública.
 
Aqueles que entraram no mercado de trabalho nos últimos anos já encontraram os limites da política econômica do governo Dilma. Se aumentaram os postos de trabalho formal, foi às custas de um rebaixamento geral dos salários, pois, desde o ano 2000, a proporção de empregos até 1,5 salário mínimos cresceu de 45,8% para 59%. Na região, os resultados são claros, a renda familiar média no ABC diminuiu 3.8% em 2012, passando de R$3600,00 para R$3.463,00, mesmo sem aumento do desemprego. 
 
Agora o povo foi às ruas e está vendo os resultados disso, está vendo que vale a pena lutar. Nós do PSTU sempre defendemos a mobilização direta como melhor forma de ação política. Sabemos que, em última instância, só a luta muda a vida, porque a nossa força e disposição para lutar é a única arma de que dispomos, enquanto os empresários e o governo controlam as Forças Armadas, a grande mídia, o sistema eleitoral e todas as instituições que existem para manter a ordem como está. Nós estivemos presentes em todas as lutas importantes no Brasil desde nossa fundação em 1994 e, mesmo antes disso, quando já atuávamos como corrente política. Estamos presentes agora, ajudando a construir os atos, ocupações e toda forma de luta.
 
O ABC também se mobiliza e Luiz Marinho reprime!
No ABC, as manifestações têm ocorrido há algumas semanas, fechando ruas e rodovias, exigindo melhoria da qualidade do transporte público, redução das passagens, mais dinheiro para saúde e educação públicas. Na última segunda-feira, dia 1º de julho, cerca de dez mil pessoas se reuniram sob chuva e frio, apesar de o transporte público municipal ter sido suspenso.
 
Após uma longa caminhada, no retorno ao Paço Municipal, em vez de diálogo com o Prefeito Luiz Marinho, do PT, o que os manifestantes encontraram foi uma dura repressão da polícia. Com o pretexto de que estaria coibindo vândalos que tentaram invadir a prefeitura ou saquear as lojas da Rua Marechal Deodoro (rua de comércio popular), a polícia atacou os manifestantes com muita truculência. Jogaram inúmeras bombas de efeito moral e atuaram na linha de bater antes e perguntar depois em relação a qualquer um que passasse pela região central de São Bernardo do Campo.
 
A polícia não reprimiu vândalos e bandidos! A polícia reprimiu duramente todos os manifestantes que chegavam ao Paço Municipal. A intenção da polícia não era coibir “atos de vandalismo”, mas coibir a própria manifestação!
 
Mais tarde, o prefeito Luiz Marinho foi abordado por manifestantes e usou os argumentos mais típicos da direita, dizendo que os manifestantes estavam de “bandalheira”. Disse ainda que quem está descontente deveria ter participado das plenárias do Orçamento Participativo. Ora prefeito, o povo foi às ruas porque não acredita mais nas plenárias do Orçamento Participativo, não acredita mais que reuniões nos bairros para escolher entre reformar a escola ou a UBS podem resolver alguma coisa. O povo foi às ruas e continuará nas ruas lutando para mais dinheiro para a educação, a saúde e os transportes e menos dinheiro para as empresas, menos dinheiro para a construção de belos prédios para os vereadores, menos dinheiro para o salário do prefeito, secretários e políticos.
 
E, dessa forma, Luiz Marinho ajuda a jogar por terra a tese do PT de que os seus dez anos no poder seria algo a comemorar. Na verdade, o povo disse em alto e bom tom: Dez anos de PT é  algo contra o qual protesta, porque a política econômica aplicada por Lula e Dilma nacionalmente, Haddad e os prefeitos do ABC é a mesma do PSDB e da direita, é uma política econômica que prioriza os bancos, as multinacionais, as grandes empresas em detrimento dos trabalhadores.
 
Seguir organizando a luta
O PSTU considera que esse momento de lutas é privilegiado e deve ser desenvolvido e aprofundado. Mais ainda, achamos que é importante que a classe trabalhadora entre no processo de mobilizações de forma organizada, com seus métodos próprios de luta e sua pauta de reinvindicações que é necessariamente antagônica à política econômica do governo.
 
Por isso, é muito importante a iniciativa da CSP-Conlutas e demais centrais de fazer do dia 11 de julho um dia de paralisações e mobilizações. Os trabalhadores vêm sofrendo nos últimos anos com o arrocho salarial, o aumento da inflação, o aumento da carga de trabalho, os problemas no transporte público, na educação e na saúde pública e temos que ir às ruas lutar contra a política econômica do governo que é a causa disso tudo ao garantir que 49% do orçamento público seja destinada ao pagamento da dívida pública e seus juros. Também temos que lutar contra os incentivos fiscais do governo que tiram dinheiro da previdência pela desoneração da folha de pagamento dos empresários. Esses incentivos são uma forma de jogar a crise nas costas dos trabalhadores.
 
 
Debate: Não é só por vinte centavos!
Essa onda de mobilizações tem impulsionado o debate sobre a conjuntura brasileira, internacional e os projetos políticos para o nosso país.
O PSTU ABC fará uma discussão na qual apresentaremos nossas considerações sobre o atual momento, as perspectivas e as tarefas dos lutadores e revolucionários para o próximo período. Venha debater conosco!
 
Quando: Dia 06 de Julho, às 17h.
Local: Endereço: Rua Carlos Mielle, 58 (atrás do terminal Ferrazópolis)