A morte de Arafat e o vazio que deixou na direção palestina, brindou ao imperialismo americano e a Israel com uma oportunidade histórica: realizar eleições e voltar a fazer o mundo apostar na fórmula mágica da democracia burguesaPara o imperialismo é crucial mostrar ao mundo que os “terroristas” palestinos estão trocando as armas pelo voto, e o povo também. Com essa fórmula, o imperialismo se aproveita de um sentimento verdadeiro em qualquer circunstância para justificar sua política de vencer com o voto aquilo que vem perdendo na ponta do fuzil. Aproveita-se de um justo desejo de paz do povo palestino para lançá-lo em uma armadilha cujo resultado final será ainda mais sangrento.

A missão de Abbas

Eleito, Mahmoud Abbas, que não goza de nem um por cento do prestígio de Arafat, tem a missão de convencer aquilo que seu antecessor tentou tantas vezes: fazer os palestinos a desistir da luta pelo fim da ocupação israelense em seu território. Missão que parece quase impossível.

Para isso, Abbas precisa construir uma direção, recuperando a autoridade da Autoridade Nacional Palestina (ANP), vista como ineficiente por 93% dos palestinos e como corrupta por 87% deles. Só assim teria algum respaldo entre o Hammas, o Fatah e todas as forças combatentes da Intifada para levar adiante o acordo que assinou em 2003 com Ariel Sharon, chamado Mapa do Caminho.

Abbas reprime a luta palestina

Os primeiros dias de mandato de Abbas dão a entender que os palestinos elegeram mesmo foi um representante de Israel e não da Palestina. Sua política de abandono dos direitos históricos dos palestinos e sua oposição à Intifada já o estão colocando contra os combatentes palestinos. Apesar da direção do Hamas ter sinalizado com uma postura conciliadora em relação a ele, sua política pró-israelense não tardará em levá-lo ao enfrentamento com as correntes político-militares islâmicas e da esquerda palestina.

Antes mesmo de tomar posse, Abbas apressou-se em buscar um acordo com Sharon. A resposta foi uma série de ataques a bases israelenses, que fez com que Sharon ameaçasse Abbas de romper o “diálogo” caso não reprimisse os combatentes palestinos. O que ele fez prontamente, apresentando inclusive um plano detalhado para reprimir ataques contra alvos israelenses.

A paz só virá com a luta pelo fim de Israel

Sem o carisma de Arafat e sem precisar manter a aura de grande líder da causa palestina, Abbas se lança com tudo para desmantelar a resistência.

Esse agente de Israel e dos EUA no coração da Palestina vai tratar a todo custo de alimentar esperanças em novos “acordos de paz”. Acordos que significam o compromisso de liquidar a Intifada, desarmar a resistência e manter a opressão do povo palestino nos territórios de Gaza e Cisjordânia, e o desalento de milhões de exilados palestinos. A verdadeira esperança está na continuidade da resistência, na luta pela liberdade dos presos palestinos, pelo retorno incondicional dos refugiados e exilados e pela derrubada do novo “muro da vergonha” construído por Israel.

A paz só virá com a luta, que mantenha bem alto as bandeiras que deram origem à OLP: a destruição do Estado de Israel e pela construção de uma Palestina laica, democrática e não-racista

SAIBA MAIS: Quem é Abbas

Membro da “velha guarda” da Al Fatah (organizaçaõ fundada por Arafat e principal força da ANP), Abbas sempre foi um especialista em missões diplomáticas.

Considerado o “arquiteto político” da capitulação ao imperialismo e a Israel, foi primeiro-ministro da ANP durante alguns meses, em 2003. Ao assumir, expressou seu compromisso de “terminar com o caos armado, lutando contra o terrorismo, controlando a milícias e confiscando armas ilegais“. Mas fracassou e teve de renunciar.

Agora volta ao poder para tentar de novo acabar com a resistência palestina e livrar Israel do perigo. Bush prometeu dar US$ 20 milhões à nova autoridade palestina para fortalecer “uma liderança moderada que combata o terrorismo e ponha em marcha instituições verdadeiramente democráticas”.

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