A greve dos servidores contra a reforma, que teve início no dia 8, aos seis meses do governo Lula, não é uma greve como qualquer outra. Ela tem uma dimensão histórica. É o primeiro setor a se levantar contra o projeto econômico neoliberal do imperialismo e dos banqueiros, que – para perplexidade dos trabalhadores – está sendo pilotado pelo governo Lula.
A reforma que está tramitando no Congresso obedece às diretrizes de privatização do FMI, do Banco Mundial e da Alca: retira direitos históricos dos trabalhadores em benefício dos banqueiros.

Essa greve é um divisor de águas.

Trata-se de apóiá-la ativamente ou ficar com o governo, do lado do FMI. Se os servidores forem derrotados – como querem o governo, os banqueiros e toda a burguesia – será uma vitória do FMI e da Alca. Se forem vitoriosos, será um derrota importante do projeto imperialista.

Ela se dá num momento em que outros setores da classe trabalhadora começam a lutar, como os sem-terra, com ocupações, e os trabalhadores do setor privado, por salário e emprego.
A tarefa de todos os trabalhadores e movimentos sociais é apoiar ativamente essa greve. O governo quer dividir os trabalhadores e jogar a população contra o funcionalismo. As entidades e movimentos precisam fazer o movimento oposto. Devem engajar-se nessa luta e ganhar as ruas ao lado dos servidores.

A marcha a Brasília, que acontecerá em agosto contra a reforma, precisa ser assumida por todos. Dela precisam participar também os trabalhadores do setor privado, o MST, os estudantes, a Campanha contra a Alca.

Os servidores, por sua vez, devem incorporar na sua luta a exigência de Plebiscito Oficial sobre a ALCA e passar o abaixo-assinado nas assembléias, piquetes e ações de rua. E também, como sempre fizeram, apoiar as ocupações dos sem-terra.

Somos Todos Servidores! Abaixo a reforma da Previdência

Lula está fazendo o jogo do FMI e da Alca contra os trabalhadores

QUEREMOS MUDANÇA. CHEGA DE CONTINUÍSMO!

O governo Lula completou 6 meses, mas os trabalhadores não têm o que comemorar. Já os banqueiros estão felizes da vida.

Lula está aplicando a cartilha do FMI e aprofundando a política econômica de FHC. Os banqueiros receberam R$ 51 bilhões de juros em 5 meses. Lula está desviando mais dinheiro para pagar juros das dívidas aos banqueiros do que o governo anterior. Aceitou concluir a negociação da Alca em 2005. Em vez de reestatizar empresas privatizadas, permite que as multinacionais aumentem tarifas em mais de 29%.

Para os trabalhadores, sobrou desemprego, arrocho, cortes nas verbas sociais e ataques à direitos.

Dos 10 milhões de empregos prometidos, nenhum deu a cara. Mais 580 mil trabalhadores estão desempregados. Da reforma agrária que sairia numa canetada, só foram assentados 4 mil sem-terra. O Fome Zero – que faria todos comerem três refeições diárias – atende só 50 mil dos 48 milhões de pobres. Os salários perderam 14,7%. Os servidores sentem-se traídos. Lula quer aprovar a mesma reforma de FHC na Previdência.

Não foi pra isso que o povo elegeu Lula.

ROMPER COM A ALCA, O FMI E A BURGUESIA, já!

O PSTU, na campanha eleitoral, advertiu que, aliando-se à burguesia e atrelando-se ao FMI e à Alca, Lula não mudaria o Brasil e acabaria atacando os trabalhadores.

O governo tem pedido paciência aos trabalhadores. Anuncia um espetáculo de crescimento. E compara as mudanças à gestação de um filho, que leva 9 meses para nascer; ou ao plantio de uma árvore:é preciso esperar ela crescer para poder colher o fruto, diz Lula.

Mas o problema é que as sementes que o governo Lula está plantando só vão gerar mais desemprego, exploração e entrega. No acordo com o FMI, ele se compromete com o aprofundamento da política de FHC até 2006.

A privatização da Previdência, a reforma trabalhista, a independência do BC e a Alca levarão o país a uma situação de colônia e a um empobrecimento nunca visto.

Lula colocou no governo latifundiários, banqueiros e grandes empresários. Sem expulsar essa gente e sem romper com o FMI e a Alca, ele seguir atacando os trabalhadores. Pois não é possível atender a gregos e troianos. Para que sem-terra tenham reforma agrária é necessário atacar o latifúndio, para que operários tenham emprego, salário e direitos é preciso enfrentar empresários; para existir dinheiro para educação, saúde, moradia e emprego é preciso enfrentar banqueiros e parar de pagar a dívida.

Mas, Lula e a direção do PT não querem fazer nada disso.

NÃO HÁ TRANSIÇÃO, NEM PLANO B

A esquerda, diante deste governo e projeto, encontra-se numa encruzilhada. Vários setores enxergam um governo em disputa e a possibilidade de um Plano B. Entretanto, isso não existe. Não é possível um Plano B sem romper com o imperialismo e a burguesia.

Outros acreditam que é possível empurrar o governo para a esquerda. A partir daí têm como preocupação central evitar que as mobilizações se choquem com o governo. Acontece que quem está negociando a Alca e pilotando a reforma do FMI é o governo. Não há como lutar de verdade contra a reforma e não se chocar o governo, ou pior, considerá-lo “aliado nessa luta“. Quem não sabe contra quem está lutando, não pode lutar direito.

A verdade, é que o governo está aplicando um projeto do imperialismo e da burguesia. Esse projeto, para se impor, precisa derrotar os trabalhadores.

O governo, portanto, está jogando no time da direita. Aqueles que não vêem ou não querem ver isso, ao invés de empurrar o governo para a esquerda, acabarão levando o movimento para a direita, na tentativa de evitar o confronto.

UNIR A ESQUERDA NUM NOVO PARTIDO

O PT, como instrumento de mobilização por uma transformação social, morreu. A esquerda socialista precisa romper com o governo e com o PT.A ameaça de expulsão dos radicais pela direção do PT é uma evidência explícita de que já não é possível sequer manter-se fiel aos interesses dos trabalhadores por dentro do PT. Quem não votar no projeto de “reforma“ do FMI pode ser expulso.

A falência do PT coloca para os socialistas o desafio de construir uma alternativa para a classe trabalhadora brasileira. O PSTU é um partido revolucionário e socialista e uma alternativa. Mas reconhecemos que não existem revolucionários apenas no PSTU. Por isso, fazemos um chamado aos socialistas que estão em minoria no PT para que venham conosco construir uma nova alternativa. Juntos seremos mais fortes.

Vamos unir os socialistas num novo Partido, de luta, de classe, socialista e revolucionário. É hora de afirmar uma oposição de esquerda e de luta nesse país. Um novo Partido que lute por um governo verdadeiramente dos trabalhadorese cujo horizonte seja socialista.
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