Durante a cerimônia de posse de Renan, manifestações foram realizadas até a rampa do Congresso para protestar contra o senador

O senador Renan Calheiros (PMDB), aquele mesmo que renunciou há cinco anos à presidência do Senado para não perder o mandato, voltou. Ele foi eleito novamente presidente nas eleições, realizadas no dia 1º de fevereiro.

Renan ganhou a ampla maioria dos votos dos colegas, sendo eleito com o apoio de 56 senadores. Em agradecimento a seus pares, Renan disse que “a ética não é objetivo em si mesmo” e ainda afirmou que “ética” era um dever de todos.

O senador foi eleito em meio a denúncias realizadas pelo procurador da República, Roberto Gurgel, ao Supremo Tribunal Federal. Entre as acusações, estão peculato, falsidade ideológica e falsificação de documentos.
 
Quem é Renan Calheiros?

Com a eleição, Renan Calheiros assume seu terceiro mandato de senador, somando 18 anos na Casa. Assim como o seu partido, o PMDB, Renan sempre se ligou ao poder, não importa quem estivesse no Planalto.
No governo Collor, Renan foi líder da base aliada na Câmara. No governo FHC, Calheiros, já senador, foi nomeado Ministro da Justiça. Aí, depois, veio a eleição de Lula, e o senador, acompanhando o partido, instalou-se de malas e bagagens na base do governo.

E foi justamente durante o governo Lula, em 2007, que apareceu a série de denúncias contra ele. Primeiro, se descobriu que um lobista da empreiteira Mendes Júnior, que tem vários negócios com o governo, repassava dinheiro a uma ex-amante do senador. Em seguida, vieram outras denúncias: tráfico de influência para grandes empresas, notas frias, empresas fantasmas lavando dinheiro, desvio de recursos públicos.

Na época, foram feitas seis representações contra ele no Conselho de Ética do Senado, mas Renan renunciou à presidência do Senado para escapar dos holofotes e continuou com o mandato.

Durante a cerimônia de posse de Renan, manifestações foram realizadas até a rampa do Congresso para protestar contra o senador. Renan subiu a rampa ouvindo gritos como “fora” e “ladrão”. Outros protestos foram realizados, especialmente pela internet.
 
Pelo fim do Senado
A sucessão de escândalos envolvendo o Senado parece interminável. Até pouco tempo atrás, era José Sarney quem estava no olho do furacão, com os seus “atos secretos”. Agora, a volta de Renan à presidência confirma o caráter corrupto e reacionário do Senado.

Tal como qualquer Casa da democracia burguesa, o Senado é uma instituição corporativa marcada pela corrupção. Além de tudo isso, ela é mais antidemocrática. Como dois senadores são eleitos por estado, independentemente do número de habitantes, acaba gerando uma distorção. O peso dos estados menores acaba valendo mais.
Isso acaba servindo para perpetuar uma Casa com os elementos mais reacionários da política. Assim, se alguma coisa relativamente boa aos trabalhadores for aprovada na Câmara dos Deputados (geralmente como fruto da pressão popular), ela é “corrigida” no Senado, que serve como uma espécie de contrapeso de emergência da burguesia. É para isso que serve o Senado e é por isso o PSTU defende o seu fim.

Senador do PSOL apoia candidato do PDT

Se a volta de Renan à presidência do Senado já foi um tapa na cara da população, a posição do PSOL não deixou de ser lamentável. Ao invés de denunciar essa pouca vergonha, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que havia se candidatado ao cargo, retirou seu nome para apoiar um nome do PDT, o senador Pedro Taques, junto com o DEM e o PSDB.
Randolfe chegou a dizer que o candidato apoiado por esses partidos teria a missão de “resgatar” o Senado. Ou seja, a alternativa que o PSOL e Randolfe apresentaram à crise envolvendo Renan Calheiros e à corrupção que ele representa, foi uma frente com PDT, DEM e PSDB, a velha direita que de corrupção entende muito bem. Fazer isso é jogar água no moinho da direita, tão corrupta quanto Calheiros e seus aliados.

Post author Da redação
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