Uma das frases mais repetidas pela imprensa burguesa é que nessas eleições “ganhou a democracia”, pela alternância dos partidos, por isso ou aquilo.

No entanto, não estamos em uma “democracia” sem definição de classe. Estamos em uma democracia burguesa, um jogo de cartas marcadas. E essas eleições foram realmente uma vitória dessa democracia.

Os vitoriosos pertencem aos dois grandes blocos majoritários: o governista liderado pelo PT e a oposição de direita, dirigida pelo PSDB.

Os dois blocos defendem a continuidade da política econômica atual e, por isto, em nenhum momento dessas eleições, os interesses das grandes empresas foram ameaçados, ou sequer discutidos por estes partidos.

Isso foi possível graças às características antidemocráticas deste regime. Os partidos majoritários têm um tempo de TV e cobertura diária da imprensa qualitativamente maior que o dos outros partidos “pequenos”. Com isso, podem definir o que é, e o que não é discutido nas eleições. Eles definiram municipalizar os debates eleitorais, despolitizando-os completamente. A maior parte das discussões girou ao redor de promessas de melhorias na saúde, educação, avenidas, obras etc, que os partidos sabem que são irrealizáveis, pelos cortes nos gastos impostos pela política econômica, com a qual todos eles estão de acordo.

O clube do capital

Além disso, com uma campanha caríssima, financiada com o dinheiro da corrupção e das grandes empresas, estes dois blocos garantiram milhares (em algumas cidades dezenas de milhares) de cabos eleitorais, faixas e carros de som, conseguindo um volume de campanha inalcançável para quem não tem esse dinheiro.

As eleições na democracia burguesa são movidas a muito dinheiro, que só podem chegar aos candidatos aceitos pelo grande capital. Hoje, tanto o PT como o PSDB, fazem parte deste clube muito bem aceito pelo grande capital.

Assim, se garante o funcionamento do regime, como um jogo de cartas marcadas, assegurando a vitória sempre para as grandes empresas. Quem vê a forte polarização que se deu nas eleições, não imagina que entre esses dois blocos vai haver um grande acordo depois das eleições sobre o fundamental a fazer no país: a manutenção da política econômica, a aceleração das reformas neoliberais (Universitária, Sindical e Trabalhista) para implementar a Alca.

A derrota dos trabalhadores

Uma vitória da democracia burguesa? Sim, e, portanto, das grandes corporações. Os trabalhadores que romperam com o PT votaram na oposição de direita. Outros seguiram votando nos candidatos petistas.

Ou seja, ocorreu uma derrota dos trabalhadores, e não porque o PT foi derrotado, mas sim porque os trabalhadores seguem sendo enganados, e votaram tanto no PT como na oposição de direita. Votaram naqueles que vão atacá-los depois das eleições, com novas medidas de arrocho.

Os trabalhadores empregados vão ter que lutar contra as reformas Sindical e Trabalhista, com as quais o governo (apoiado pela oposição de direita) vai querer tirar direitos históricos, como o décimo-terceiro, a licença-maternidade e as férias. Os estudantes vão se enfrentar com a reforma Universitária, cujo objetivo é privatizar as universidades públicas, injetando o dinheiro público que deveria ser destinado às universidades públicas, mas que irá engordar os bolsos do “tubarões” do ensino privado. Os desempregados vão esperar pelo emprego que não virá.

A esquerda revolucionária, tendo à frente o PSTU, teve participação destacada nas lutas, dedicando às greves seu tempo de TV, mantendo vivas as tradições da esquerda. Mas não houve uma expressão das lutas em termos eleitorais, à esquerda do governo, nas grandes cidades. A esquerda revolucionária teve, em geral, poucos votos.

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