Multinacionais superexploram trabalhadores e gozam de inúmeros benefícios fiscaisAté agosto, as montadoras Volkswagen, Peugeot e Fiat tiveram lucros superiores aos estimados. A Fiat lucrou 3% mais que no segundo trimestre de 2007. Os ganhos da Peugeot aumentaram 49% no primeiro semestre, e os da Volks, 35% no segundo trimestre.

Os empregos, no entanto, não acompanharam tal crescimento. O número de empregados nas montadoras se mantém no nível de 1997, ou seja, de 104 mil operários. Mas com a crise, começaram as férias coletivas e já há planos de demissões para o próximo ano. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a venda dos veículos apresentou queda de 13,8% em outubro.

Governos financiam lucros
Como se não bastassem os bancos, o governo Lula incluiu as grandes montadoras num pacote de benefícios. Lula e o governo de São Paulo liberaram juntos R$ 8 bilhões ao setor.

Mas há outro modo dos governos ajudarem as montadoras a faturarem alto. Os governos concedem generosos incentivos fiscais, seja no ICMS estadual, seja no IPI federal, seja no PIS Cofins reduzido.

Um exemplo é a lei 9.440/97 que prevê que o Governo Federal possa conceder um crédito presumido de IPI referente ao dobro das contribuições PIS e Cofins. Em 2001 esse valor foi fixado em 7,3%. Os saldos de créditos presumidos de IPI de um determinado período poderiam, assim, ser usados para compensar o imposto num período seguinte. Contudo, em agosto Lula assinou um decreto (nº 6.556), permitindo que o saldo dos créditos compensasse também outros tributos administrados pela Receita, como o Imposto de Renda e a CSLL. Dessa forma, as empresas acabam não pagando muitos impostos, mesmo que seja cobrado dos consumidores.

O governo de São Paulo também presenteia as montadoras com polpudos benefícios fiscais. O Tesouro paulista vai bancar de R$ 6,8 bilhões, mais de metade dos R$ 11,8 bilhões de investimentos programados pelas montadoras de São Paulo até 2010. No chamado PróVeículo, as montadoras poderão usar os créditos fiscais para pagar outras empresas fornecedoras de bens e serviços e para reduzir o imposto.

Poderão, também, ficar isentas do ICMS na compra desses bens de produção. Dessa forma, as empresas montam um verdadeiro mercado de crédito de impostos, beneficiadas por uma enorme evasão fiscal.

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