A greve dos professores da rede estadual de São Paulo, que ocorreu de 19 de abril até 10 de maio, é um bom exemplo de que para defender a escola pública é preciso enfrentar governos e também as direções governistas da CUT. Estas direções que transformaram a CNTE em correia de transmissão do governo federal e tem na direção da Apeoesp, sindicato da categoria, uma burocracia chapa branca, que inclusive colocou a PM para acabar com a greve.
A greve teve início com apoio de toda direção da Apeoesp, inclusive do setor majoritário da CUT. O plano da direção governista da Apeoesp era fazer algumas semanas de greve, desgastar o governador Geraldo Alckmin do PSDB, mirando as eleições de 2014. Por outro lado, os militantes da CSP-Conlutas lutaram por uma greve que garantisse conquistas para a categoria, pois é necessário derrotar o PSDB e seu projeto privatizante da educação.
O que a burocracia não contava era que, no dia 3 de maio, iniciou-se uma grande greve dos trabalhadores em educação da rede municipal de ensino, com uma pauta bem parecida com a do estado, mas contra o prefeito Haddad do PT. Nesse dia, os professores estaduais em greve, literalmente passaram por cima da direção da Apeoesp. Por proposta da Oposição Alternativa (corrente onde militam os professores da CSP-Conlutas), os professores aprovaram, contra a direção da APEOESP com mais de 90% dos votos, fazer um ato unificado com trabalhadores municipais que, por sua vez, também impuseram contra seu sindicato(também da CUT) essa ação unitária. Quase no fim do dia, os professores estaduais marcharam vários quilômetros, enfrentaram a PM que tentou bloquear a passeata e chegou a sede da Secretaria Estadual de Educação, onde os trabalhadores em educação municipal aguardavam nossa chegada a mais de três horas. Foi um dos momentos mais marcantes das duas greves.
Desesperada por perder o controle da greve e pelo fato dos trabalhadores em educação unificarem suas lutas contra Alckmin e Haddad, a direção da Apeoesp veio determinada a encerrar a greve no dia 10 de maio. O governo do estado havia anunciado algumas concessões, em especial aos professores precarizados (a chamada categoria O), como o fim das provas anuais, o retorno da quarentena para renovar contrato diante da duzentena e o direito de utilizar o hospital do servidor público, além de aceitar debater a reposição dos dias parados. A Oposição Alternativa apresentou uma proposta de continuar em greve, exigir que as promessas do governo fossem feitas por escrito e que nova assembleia se realizasse no dia 14 de maio, mesmo dia da assembleia dos trabalhadores em educação municipal em greve. Também foi proposto a realização de um novo ato unificado. A direção majoritária da Apeoesp (CUT e CTB) e também setores da oposição ligadas ao PSOL defenderam a suspensão da greve. Na votação, mais de 70% decidiram pela continuidade da greve. Mesmo assim, a presidenta da APEOESP, Maria Izabel Noronha (Bebel), que é também membro do Conselho Nacional de Educação (MEC), decretou o fim da greve. Os professores não aceitaram essa manobra e exigiram a retomada da assembleia. Porém a direção da APEOESP chamou a PM de Alckmin, que agrediu professores, e prendeu dois para proteger e escoltar a saída da diretoria traidora da APEOESP. Essa situação levanta a necessidade de derrotar o governo e também os governistas dentro dos sindicatos.
 

Post author João Zafalão, de São Paulo (SP)
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