Logo após deixar o presídio, Yuri Proença da Costa, militante e trabalhador dos Correios, conversou com o Opinião SocialistaComo foi aguentar esses três dias?
Yuri – Olha, teve um sistema sim de tortura psicológica. Na cela que ocupamos, alguns dias antes tinha ocorrido uma chacina. Rasparam nosso cabelo e tivemos que vestir uniforme, mas a gente tava lá como preso político.

Apesar de tudo, duas coisas ajudaram. A primeira é todo o movimento feito do lado de fora pelo partido e a solidariedade dos movimentos sociais. Essa solidariedade foi fundamental. A segunda foi lá. Foi muito importante a força que cada deu ao outro lá dentro. Quando um camarada estava pra baixo, outros já levantavam a moral.

Mas o apoio que tivemos do lado de fora foi muito importante. No meu trabalho, ocorreu uma emocionante demonstração de solidariedade. Cerca de 50 carteiros assinaram o abaixo-assinado pela nossa soltura. Foi muito bonito. Quando soube disso chorei bastante. Delegados sindicais também aprovaram um documento de repúdio.

Vocês foram mantidos isolados?
Yuri – Graças a campanha do partido e a intervenção do Marcelo Freixo [deputado estadual PSOL] ficamos em um bloco isolado de facções. No domingo ficamos sem contato com o mundo. Não tínhamos informações sobre nada. Pensávamos sempre no melhor, de que poderíamos ser liberados depois que o Obama se fosse. Mas havia o medo de a gente passar mais dias. Também ficamos com medo de que houvesse repressão no ato de domingo e de que outros camaradas pudessem ser enviados ao presídio.

Sua família ficou muito revoltada. Sua mãe foi ao ato e falou da ditadura.
Yuri – Pois é, a gente nasceu numa família que tem histórico militante. Claro que nossa prisão (de Yuri e sua irmã Gabriela) teve impacto, mas a tradição de luta da família ajudou muito.

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