O primeiro ano do governo Dilma foi marcado pela retomada do ascenso sindical. De norte a sul ocorreram muitas greves e mobilizações, mas o grande destaque foi, sem dúvida, o retorno das lutas da classe operária.Operários da construção pesada e civil e metalúrgicos, com destaque para os trabalhadores das montadoras, estiveram entre os que se mobilizaram, protagonizando greves importantes e alcançando vitórias econômicas parciais. Na Volkswagen do Paraná a greve durou 37 dias, algo que não se via há décadas na indústria automobilística brasileira.

Nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), os trabalhadores fizeram verdadeiras rebeliões contra as condições de trabalho nos canteiros de obra, enfrentando-se com os patrões, governos, a polícia, a Força Nacional de Segurança e a burocracia sindical. Foram os casos das usinas de Jirau e Santo Antônio, em Suape (PE), Pecém (CE), no Mato Grosso do Sul, em refinarias da Petrobras e em obras de estádios da Copa do Mundo.

A essas categorias somaram-se os petroleiros, trabalhadores da indústria química, gráfica, da mineração e da alimentação, dentre outros.

Mas as greves não se limitaram ao movimento operário. A retomada da inflação, combinada com o aumento da exploração no trabalho e os altíssimos lucros obtidos pelas grandes indústrias, pelos bancos e setores de comércio e serviços, potencializaram as lutas salariais.

Trabalhadores dos Correios e bancários fizeram greves nacionais. Rodoviários pararam várias cidades do país e a Grande São Paulo foi parada pela greve dos ferroviários da CPTM. Também os trabalhadores em processamento de dados voltaram a paralisar.
Os bombeiros do Rio de Janeiro protagonizaram um enfrentamento duríssimo com o governo Sérgio Cabral (PMDB), o que provocou uma comoção popular e a unidade com os professores. Foram seguidos por greves das corporações militares e policiais civis em vários estados, com destaque para a dos militares paraibanos e, recentemente, a dos policiais civis e militares do Maranhão, que se enfrentou com a oligarquia dos Sarney.

Educação
O funcionalismo público seguiu em sua luta contra o desmonte dos governos e por melhores condições de trabalho. O destaque ficou por conta dos trabalhadores em educação das redes estaduais, que realizaram greves em nada menos do que 22 estados, algumas com meses de duração. Na pauta, como reivindicações centrais, o piso salarial e plano de carreira.

Mas a política da maioria da direção da CNTE, a confederação da categoria, que se recusou a unificar as greves, acabou pesando para que parte das lutas não alcançasse a vitória, apesar do heroísmo dos trabalhadores.
Entre os servidores federais, os trabalhadores da base da Fasubra (servidores das universidades) e do Sinasefe (servidores das instituições do ensino técnico) realizaram também longas greves. A eles se somaram os do Judiciário, docentes de universidades estaduais e outros setores.

Queda de braço
Os enfrentamentos foram marcados pela dureza do governo e dos patrões. A economia brasileira ainda não sente os efeitos da crise internacional com tanta intensidade, mas a patronal e o governo endureceram. As conquistas vieram com muita resistência e disposição dos trabalhadores.

O governo Dilma, gozando da popularidade herdada de Lula, não deu refresco desde o início do mandato. Não cedeu no reajuste do salário mínimo, seguiu com a política de privatizações, com destaque para a entrega dos aeroportos e dos Correios e mantém, na pauta, a política das reformas sindical, trabalhista e previdenciária.

Seguem em tramitação no Congresso Nacional diversos projetos que atacam direitos dos servidores e congelam salários. A criminalização dos movimentos sociais também foi intensa nesse primeiro ano.

Ainda assim, a resistência dos trabalhadores seguiu. Nenhuma derrota de peso foi imposta aos movimentos sindicais e populares, o que prenuncia um 2012 de muita luta e enfrentamentos, principalmente se os efeitos da crise econômica vierem a repercutir com mais força no Brasil.
Post author Sebastião Carlos “Cacau”, de São Paulo
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