Romero Jucá (PMDB), novo ministro da Previdência, deve R$ 53 mil ao INSS
Antonio Cruz / Agência Brasil

Depois de anunciar apenas duas mudanças na sua equipe, no dia 23 de março, Lula afirmou que, ao menos por enquanto, a reforma ministerial de seu governo está engavetada. A decisão de não concluí-la foi tomada pela insaciável corrida pelo loteamento de cargos entre PP, PMDB e PTB.

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, chegou a ameaçar colocar seu partido, o PP, de Paulo Maluf, na oposição, caso Ciro Nogueira (PP-PI) não fosse nomeado para o Ministério das Comunicações: “Se o presidente não assinar a indicação de Ciro, amanhã o PP poderá ser aliado ao PFL”.

O osso, perdão, o Ministério é ocupado atualmente por Eunício Teixeira, do PMDB, partido que deu todas as demonstrações possíveis de que não queria largá-lo.
Diante do ultimato de Severino e ameaçado de ficar desmoralizado perante o restante dos partidos burgueses aliados do governo – até o PTB passou a exigir mais do que o governo lhe estava oferecendo – Lula resolveu então fatiar a reforma ministerial, nomeando, por hora, o deputado federal Paulo Bernardo (PT-PR) e o senador Romero Jucá, do PMDB. De quebra, o governo aproveitou para conceder mais cargos do segundo e terceiro escalões ao PTB.

Mudanças não param por aí
A disputa pelo loteamento ministerial atrapalhou os planos de Lula de incluir imediatamente os aliados burgueses no seu governo. Na disputa entre os partidos, faltaram ministérios, o cobertor era curto para tantas exigências por cargos. O refrão “O que eu ganhei ninguém me tira”, de um jingle das comemorações dos 25 anos do PT, bem que poderia ser adotado como a melô da reforma ministerial.

Baixada a poeira, entretanto, o governo petista, aos poucos, vai incluir os nomes indicados por esses partidos na sua equipe. De acordo com o jornal Estado de S.Paulo, logo após as nomeações, Lula telefonou para Roseana Sarney, cotada nos últimos meses para substituir Aldo Rebelo (PCdoB) na Coordenação Política, e pediu para que ficasse tranqüila, pois ela ainda fará parte da sua equipe. Já Severino, depois de sair de um encontro com o presidente, respondeu ao jornal O Globo: “Ele só vai esperar assentar a poeira e vai fazer (a reforma), dando ao PP o que o PP merece”.

Mais fraco
O governo do PT saiu mais enfraquecido depois de ser obrigado a adiar a conclusão da reforma. Para recompor sua base no Congresso e garantir a reeleição, Lula vai seguir em marcha batida à direita e ceder sem constrangimento aos deputados da base aliada que, em troca de apoio no atacado, exigem cargos e subvenções no varejo. A compra de votos continuará sendo norma. Entre todos os projetos a serem votados, os deputados irão pressionar para “ganhar alguns”. É o que já está acontecendo com as negociações da Medida Provisória 232, que aumentará os impostos, a qual os deputados aliados ameaçam votar contra o governo. Assim, o Congresso dos Severinos, das mordomias e negociatas poderá seguir aprovando as medidas neoliberais do governo Lula, desde que este lhe conceda as benesses do Estado.

Os novos ministros
Indicado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), Romero Jucá foi para o Ministério da Previdência Social. Ex-líder do governo Fernando Henrique, Jucá trocou o PSDB pelo PMDB, em 2003. Sua dívida de R$ 53 mil com o INSS, autarquia subordinada à Previdência, não constrangeu nem um pouco Lula a nomeá-lo. No governo Sarney, Jucá comandou a Funai, sendo acusado pelo Ministério Público de usar o cargo para comercializar ilegalmente madeira em terras indígenas.

Já o novo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, é homem de confiança de Palocci. O ex-sindicalista bancário é tido como especialista em “questões orçamentárias” e possui bom tramite com o sistema financeiro. Sua nomeação fortalece a política econômica de arrocho aplicada por Lula e Palocci. Daqui para a frente, será ele que irá manter as metas do superávit, cortando verbas para a saúde, educação e reforma agrária, para fazer caixa para o FMI.

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