Em Minas Gerais, o Opinião entrevistou Paulo Soares, da diretoria do sindicato dos trabalhadores da Vale do Rio Doce de Itabira (MG). Eles nos conta sobre a última campanha salarial da categoria e defende a necessidade de reestatizar a companhia.

Opinião Socialista – Como a Vale está distribuindo parte dessa riqueza com os funcionários? Quais são as condições de trabalho e salários na Vale? Quais as reivindicações mais importantes na última campanha salarial?

Paulo Soares – Na verdade, no período pós-privatização a empresa se tornou mais agressiva tanto no mercado, quanto com os trabalhadores. Passou a ter uma política de Participação nos Resultados que só beneficia quem ocupa os altos cargos na empresa, deixando a maioria dos trabalhadores de lado, sendo que são eles que produzem as riquezas da empresa. Nas condições de trabalho houve um retrocesso e a empresa passou a investir menos na área de saúde e segurança.

Também ocorreu um grande arrocho salarial. Os trabalhadores perderam cerca de 60% de seu poder aquisitivo. A campanha salarial desse ano foi difícil, buscamos um avanço no acordo coletivo e a Vale saiu desse processo ferida, mas os trabalhadores se conscientizaram que é preciso muita luta para buscar os seus direitos.

Recentemente, no seu sindicato, o Metabase de Itabira, foi empossada uma nova diretoria que derrotou uma chapa da CUT. Como esta nova diretoria pensa em organizar a luta da categoria na região e no Brasil?

Soares – Pensamos em ser uma direção nova, mais participativa. Também vemos a necessidade de combater o Estado, com suas propostas de reforma previdenciária, sindical, e trabalhista. Seremos livres para atuar, tendo como princípio e objetivo organizar os trabalhadores dentro do setor extrativo a nível nacional, para essas novas lutas.

No Metabase de Congonhas, há cerca de 20 dias, a chapa 2, de oposição, derrotou a chapa da CUT. O que está refletindo estas vitórias de chapas que derrotaram a CUT na mineração no estado?

Soares – Apoiamos a chapa 2, porque temos a clareza de que o sindicato Metabase de Congonhas, junto com o companheiro Valério e outros, está mais preparado para as novas lutas com uma nova direção. Infelizmente o setor extrativo foi abandonado, o resultado disso são novas direções, que agora devem se posicionar para combater a exploração.

Uma das propostas da campanha salarial nacional foi a incorporação da bandeira da reestatização da Vale. Como os trabalhadores da empresa irão contribuir nesta luta?

Soares – Como toda a nação brasileira, os trabalhadores tiveram grandes prejuízos com a privatização, perdendo direitos adquiridos com muita luta. Os trabalhadores estão cientes que o Estado na época fez um mau negócio. A reestatização da Vale é uma bandeira do povo brasileiro. O movimento sindical que trabalha com seriedade terá como desafio levar esta discussão para os trabalhadores para que pressionemos o Estado para reestatizar a CVRD, até porque virou uma questão de justiça.

Post author Por Nazareno Godeiro, de Belo Horizonte (MG)
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