A greve dos operários da refinaria Abreu e Lima mostrou que existe uma nova classe operária que hoje se desloca para onde estão as obras do PAC, os chamados operários trecheiros. Também existem operários mais especializados que vêm de outros estados do Nordeste. Muitos jovens que eram canavieiros viraram operários da construção civil, mas geralmente são os mais explorados, com salários mais baixos, e trabalham como ajudantes.

Uma das maiores obras do PAC, os investimentos no Complexo Suape estão mudando a estrutura econômica de Pernambuco. De acordo com o governo estadual, está previsto um total de R$ 46 bilhões em investimentos públicos e privados até 2014. A obra tem recebido todo tipo de facilidades por parte do governo estadual e prefeituras da Região Metropolitana. Em Suape, os terrenos foram doados às construtoras.

Superexploração e acidentes
Mas do lado dos trabalhadores, a realidade é outra. Segundo o IBGE, os trabalhadores da construção civil, metalúrgicos e comerciários da Região Metropolitana do Recife, incluído Suape, estão submetidos às maiores jornadas de trabalho de todo o país, muito superiores às 44 horas semanais previstas em lei. Junto a isso há os baixos salários e a imposição de constantes horas-extras por parte da patronal.

Também é preocupante a verdadeira epidemia de acidentes de trabalho. Segundo os fiscais do ministério, foram encontradas irregularidades graves em 50% das obras do estado, incluindo as obras do complexo de Suape. Mas existe uma subnotificação dos acidentes de trabalho por pressão da patronal nas indústrias, especialmente nos setores montados em Suape e que precisam manter a aparência de modernidade e eficiência a fim de conseguirem os incentivos e isenções do governo.

Sem descanso
Outra questão refere-se aos alojamentos. Após um dia muito cansativo, os operários são obrigados a dormir em locais superlotados e com poucos banheiros para uma infinidade de pessoas. Por fim, destaca-se também o problema dos refeitórios. “Ficamos muito tempo na fila para almoçar e isso termina diminuindo nosso tempo de descanso. É muita gente para a estrutura montada”, denunciou um dos operários da construção da CONEST.

“Sindicalização forçada”
Enquanto isso acontece, as grandes centrais, Força Sindical e CUT principalmente, disputam a base dessas categorias através de sindicalização forçada. Praticamente todos os operários já são sindicalizados a contragosto pela patronal quando entram na empresa, além de pagarem o imposto sindical, que desconta um dia do trabalhador no mês de março.

Os militantes do PSTU que atuam na CSP-Conlutas estiveram lado a lado dessa luta vitoriosa. Defendemos as comissões de empregados para representá-los e estaremos disponíveis para continuar denunciando as arbitrariedades da patronal, que tem o total apoio dos governos Eduardo Campos e Dilma Rousseff. Afinal de contas, essa luta dos companheiros da construção civil não foi e nem será a única, pois outros setores do complexo industrial também estão sendo explorados.

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